Marcius dos Reis Resener de Oliveira é o principal suspeito de matar Aline Oliveira, de 41 anosDivulgação

Rio - A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva de Marcius dos Reis Resener de Oliveira, e da namorada Rafaella Azevedo Calheiros Régis pela morte de Aline Resener Oliveira Silva, 41 anos, assassinada a tiros na frente do filho, em Bangu, na Zona Oeste, na sexta-feira passada (5). Os dois foram presos em flagrante logo após o crime e a audiência de custódia ocorreu na tarde deste domingo (7).

Durante a audiência, o juiz de direito Bruno Rodrigues Pinto determinou que os custodiados permanecessem algemados devido às circunstâncias do crime. Em seguida, os presos foram entrevistados e, ao serem questionados sobre dados pessoais, Rafaella informou estar grávida. A ré contou ainda que já possui uma filha de outro relacionamento que vive sob os cuidados dos avós paternos em Brasília.

Enquanto Marcius revelou ser funcionário público, vinculado à Secretaria da Educação, atuando no Colégio Estado de Israel. Em seguida, ao ser questionado sobre algum problema de saúde, ele alegou possuir histórico de problema psiquiátrico.

Ainda na entrevista, o casal disse que foi agredido por policiais militares no momento da detenção e a defesa solicitou ilegalidade da prisão em flagrante, o que foi negado pela Justiça. "Muito embora seja exorbitantemente reprovável eventual agressão praticada pelos agentes públicos, por certo que o ato de violência, por si só, não é fator suficiente para afastar a legalidade da prisão", disse o juiz.

Apesar disso, o juiz informou que a denúncia será objeto de apuração a fim de que sejam tomadas as medidas administrativas e judiciais cabíveis. Além de que será determinada a realização de exame de corpo de delito e a extração de cópias dos autos à Promotoria da Auditoria Militar.

Na decisão, o magistrado explicou que imagens anexadas aos autos do momento do crime deixam claro que os dois praticaram o crime juntos.
Aline transitava em via pública em sua bicicleta na companhia do filho, momento em que Rafaella se aproximou e iniciou uma série de agressões à vítima, tudo na presença da criança, que tentou apartar a briga, mas sem sucesso. No momento da confusão entre as duas, uma terceira pessoa que passava pelo local, conduzindo um veículo à frente, desembarcou, provavelmente na tentativa de auxiliar a resolver situação, mas desistiu ao perceber que Marcius saiu do veículo já portando uma arma de fogo, o qual, imediatamente, começa a atirar contra a Aline.

Logo em seguida, enquanto a vítima estava caída no chão, ele ainda correu na direção da criança, e a obrigou a acompanhá-lo na direção do veículo. Imediatamente após isso, ele deu um último tiro na vítima, à curta distância, o que é, também, presenciado pelo filho do casal. Por fim, Rafaella abre a porta traseira do veículo, determinando que o menor entre no carro e eles fogem.

"Diante disso é extremamente necessária a decretação da prisão preventiva dos custodiados, em razão da elevadíssima gravidade concreta do delito, já que os custodiados se dirigiram até o local dos fatos, juntos, portando uma arma de fogo, municiada (que foi apreendida na posse deles), com a qual foram efetuados os disparos contra a vítima, levando-a a óbito ainda no local dos fatos, sem qualquer chance de ser socorrida", informa um trecho da decisão.

O juiz reforçou que os dois não se preocuparam com a integridade psíquica e emocional da criança, filho da vítima com o Marcius. "Tal circunstância jamais poderá deixar de ser mencionada, uma vez que revela estarmos diante de pessoas com personalidades extremamente atrozes, violentas, impiedosas e cruéis", complementou o magistrado.

No processo, foi revelado também que na tentativa de fuga os réus trocaram tiros com policiais militares.
"Portanto, a periculosidade dos custodiados demonstra a necessidade de se acautelar o meio social, que não pode ser velado, neste momento, por nenhuma outra medida cautelar ou medida protetiva, a demonstrar, em consequência, o cabimento da medida mais drástica", acrescentou o juiz.

Por fim, indefiro o pedido de concessão de prisão domiciliar em favor de Rafaella, devido a gravidez, foi negado.

Versões contraditórias

Na delegacia, Marcius disse que ele e a namorada teriam se dirigido até a escola do seu filho para monitorar a vítima, uma vez que ela estaria lhe ameaçando. Em depoimento, ele disse ainda que ficou dentro do seu veículo observando se o atual companheiro e uma prima da vítima iriam aparecer para que combinasse algo contra ele. Ele alegou também que atirou em legítima defesa porque viu a ex-mulher se aproximando de bicicleta e acreditou que ela iria sacar alguma coisa.

Já Rafaella contou ter se ido até a escola porque Marcius a pediu que intermediasse o encontro dele com o filho, já que ele não podia ter contado com a ex-mulher. Na ocasião, ao tentar falar com o menino, que estava com a mãe, ela alegou que todos foram abordados por um homem anunciando um assalto, que teria atirado contra Aline. Ela alegou que por isso entrou no carro de Marcius com o menino e saíram do local em alta velocidade.

Ao ser perguntada se foi Marcius quem atirou, ela disse não saber, afirmando que a voz que gritou "Perdeu, assalto" não era do namorado. Ela disse também que ele não andava armado.

Rafaella disse ainda que Maricus já falou por diversas vezes que iria matar Aline dizendo que seu filho "não seria o próximo Henri Borel".


Perseguição com PMs

Durante a fuga, policiais militares que almoçavam em um restaurante próximo ao local foram acionados e foi iniciada uma perseguição ao veículo suspeito, tendo os agentes relatado que Marcius atirou duas vezes contra eles e entraram na favela do Rebu, em Senador Camará, não tendo os policiais condições de entrar na comunidade.

Ao retornarem ao local em que inicialmente estavam, os PMs descobriram que o tal veículo estava envolvido no crime de homicídio que vitimou Aline. No local, a Diretora do colégio informou que a criança tinha uma criação muito conturbada e abusiva por parte do pai, com histórico de agressões.

Momentos depois do crime, por volta de 12h30min, em outro ponto da cidade, na Avenida Santa Cruz, em Bangu, um outro PM, que estava de folga almoçando em um restaurante, percebeu uma confusão em um posto de gasolina em frente ao local em que estava. Na ocasião, o agente notou que uma criança gritava e chorava compulsivamente, tentando se desgarrar do pai, razão pela qual o policial se dirigiu ao posto, quando, então, percebeu que o casal que acompanhava a criança correu e se trancou no banheiro do estabelecimento.
Após se identificar como policial, ele ordenou que ambos deixassem o local, e ouviu da criança que "o próprio pai e a madrasta haviam matado a mãe com um tiro de revólver". No interior do banheiro foi encontrado o revólver calibre .38 utilizado no crime, escondido em uma lixeira. 
Atualmente a criança está com a avó materna.