Vítima tentou desarmar o cliente, mas foi atingida por quatro disparosReprodução

Rio - O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido de liberdade feito pela defesa de Diego Dorado Borgeth Teixeira, acusado de tentar matar a advogada Nayara Gilda Gomes, em Campos do Goytacazes, no Norte Fluminense, em janeiro do ano passado. 
O habeas corpus apresentado pela defesa de Diego foi negado neste sábado (20). No STF, a defesa sustentava que seu cliente não ofereceria risco à instrução criminal e que eventual sentença de pronúncia (decisão que submete o acusado a júri popular) não justificaria a manutenção da medida.
Diego está preso desde o dia 26 de janeiro de 2022, data do crime. Em sua decisão, o ministro André Mendonça observou que o juízo da 1ª Vara Criminal de Campos dos Goytacazes, ao converter a prisão em flagrante do homem em preventiva, destacou a gravidade da conduta atribuída ao acusado, que além de desferir disparos à queima-roupa contra a vítima, tentou estrangulá-la após ela conseguir desarmá-lo.
O magistrado ressaltou também a periculosidade social de Diego, que, 24 horas antes da tentativa de homicídio de Nayara, havia agredido gravemente sua ex-namorada. Para Mendonça, os fundamentos da decisão estão em harmonia com a jurisprudência do Supremo de que a gravidade concreta da conduta respalda a prisão para a garantia da ordem pública. Ele ressaltou, ainda, que o fato de o acusado ser primário, com bons antecedentes, ter ocupação lícita e residência fixa não afasta, por si só, a necessidade da medida.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) já denunciou Diego por tentativa de homicídio qualificado e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Antes do STF, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já haviam negado outros habeas corpus.
Relembre o caso
Imagens de câmeras de segurança flagraram Diego entrando no escritório da vítima e efetuando contra ela disparos de arma de fogo. De acordo com os autos, a motivação do crime seria o fato de o acusado não querer pagar os honorários advocatícios relacionados a processo de inventário.
A gravação mostrou o homem entrando no local com uma sacola, que ele coloca sobre uma bancada. Em seguida, retira a arma e a aponta para a vítima, que se assusta e pergunta se ele "está maluco". O vídeo mostra que Nayara se levanta e vai em direção ao agressor para desarmá-lo, dando início a uma luta corporal. Durante a briga, ela chega a ficar na beira de uma escada e grita por socorro diversas vezes. A vítima foi atingida por quatro disparos.
Nayara teve um dos pulmões atingido e uma bala ficou alojada em seu tórax. Além disso, ela precisou ter um dedo reconstruído e teve as duas mãos baleadas. Mesmo com os ferimentos, a advogada não correu risco de morte.
Segundo a vítima, o crime foi motivado porque Diego não queria pagar os R$ 160 mil dos honorários de um processo de inventário. Por conta disso, a advogada recorreu à Justiça para ter seu pagamento garantido. De acordo com ela, o homem chegou a tentar revogar sua procuração no fim de 2021 para não precisar fazer o pagamento. 
O caso foi investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Campos dos Goytacazes.