Influenciadoras são investigadas por racismo após vídeo entregando banana e macaco de pelúcia para criançasReprodução/Redes Sociais

Rio - O MPRJ recebeu quase 700 denúncias contra um vídeo, postado na rede social TikTok, que mostra as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves entregando uma banana e um macaco de pelúcia para duas crianças negras - não há informações sobre o local exato das gravações. O órgão confirmou que a notícia foi distribuída para 2ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, que vai analisar o caso e tomar as medidas cabíveis.
De acordo com a Polícia Civil, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) também instaurou um inquérito. Os vídeos serão analisados e diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar o possível crime.
O caso começou a ser discutido após a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, produzir um vídeo denunciando a conduta das influenciadoras, que possuem 13 milhões de seguidores no TikTok e 1 milhão no Instagram. A advogada ressaltou que as imagens apresentam "racismo recreativo", que ocorre quando uma pessoa usa de "discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão". 
Nas imagens, Kérollen conversa com um menino negro em uma calçada e pergunta se ele gostaria de ganhar um presente ou R$ 10. Ele escolhe o presente, mas, quando percebe que era uma banana, responde 'só isso?' e demonstra que não gostou e sai.

Em outro momento, a influenciadora conversa com menina na rua e oferece a opção de a criança escolher entre R$ 5 ou um presente. A menina escolhe pelo presente, abre a caixa e vê que se trata de um macaco de pelúcia. Com o brinquedo nos braços, a criança aparenta ter ficado feliz e agradece.
"Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas 'desinfluenciadoras' tiveram ao dar um macaco e um banana para duas crianças inocentes e ainda postar nas redes sociais, para os seus mais de 13 milhões de seguidores? Isso, para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza, como se fosse piada. Mas não é piada não, o nome disso é racismo recreativo", explicou a especialista. 
Ainda de acordo com a advogada, as influenciadoras também podem responder por violar a integridade moral de menores de idade, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. 
"Hoje (quarta) cedo estive conversando com a Dra. Rita, delegada titular da Decradi, que me informou que o inquérito já foi instaurado. Também protocolei essa notícia crime junto a Coordenação de Direitos Humanos do Ministério Publico do Rio de Janeiro, para que eles possam acompanhar de perto esse caso. Agora é aguardar os trâmites da Justiça, para que elas respondam à altura do mal que foi feito", completou Fayda Belo em suas redes sociais.