Corpo está sendo velado e será sepultado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do RioTatiane Siqueira/Agência O DIA

Rio - Brincalhão, extrovertido e família, assim descrevem os amigos e familiares de Ruan Lemos de Sousa, de 21 anos, morto durante um tiroteio na Avenida Brasil, altura de Acari, na tarde desta sexta-feira (2). Embora a Polícia Militar afirme que a vítima foi encontrada com uma arma, parentes garantem que o jovem não possuía ligação com o tráfico. O corpo do entregador de pizza foi sepultado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, na tarde deste sábado (3).
"Eu criei ele desde pequeno, dei carinho e afeto, junto com o pai dele, que sempre foi meu amigo. Fizemos um laço de amizade para ele ser criado em um ambiente bom. Ele estudou até o primeiro grau, não era bandido, não tinha passagens, nunca se envolveu com nada. Ele era brincalhão, extrovertido, gostava de brincar com os irmãos, deixou um filho de três anos. O sonho dele era ser astro de moto, queria ter uma carreira igual muitos têm por aí", disse, emocionado, o padrasto de Ruan, que preferiu não se identificar.
Durante o velório, cerca de 70 pessoas presentes realizaram uma salva de palmas em memória ao jovem. Muito abalado, o pai biológico contestou a história da PM de que o entregador havia sido encontrado armado. "Eu só queria que retirasse esse negócio de arma, não foi nada disso. Meu filho era trabalhador. Ele era conhecido na Estrada do Colégio como entregador de pizza", disse ele.
Já uma amiga da vítima, que também pediu para não ser identificada por medo de represálias, contou que a família passou horas procurando pelo jovem, sem saber se ele tinha sido socorrido. "Era um menino que trabalhava de dia entregando quentinha, de noite em uma pizzaria e aconteceu essa fatalidade. Eu fiquei sabendo pelas redes sociais. É preciso ter Justiça, um garoto novo... Independente se trabalhava informalmente, estava trabalhando atrás dos objetivos dele", lamentou.
Entenda o caso
Ruan foi morto durante um tiroteio na Avenida Brasil, altura de Acari, na tarde desta sexta-feira (2). Segundo relatos de amigos e familiares, ele trabalhava como entregador de pizza em um estabelecimento no Irajá e estava voltando para casa quando foi baleado por policiais militares.
Procurada pelo DIA, a PM não se pronunciou sobre as acusações e informou apenas que agentes do 41º BPM (Irajá) estavam em patrulhamento em Acari, na Zona Norte, quando se deparou com criminosos armados próximo ao Complexo do Amarelinho e houve confronto. A corporação afirmou que, após o tiroteio, os policiais encontraram um homem ferido que foi encaminhado ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Houve a apreensão de uma pistola, munições e uma motocicleta.

O caso foi registrado na 27ª DP (Vicente de Carvalho), que apura as circunstâncias do crime. As armas dos PMs que participaram da ação foram apreendidas e serão encaminhadas para perícia.