Matéria sobre meio ambiente. Locais- Parque Lage e lagoa Rodrigo de Freitas. Foto: Cléber Mendes/Agência O DiaCleber Mendes
Para o biólogo Mario Moscatelli, um dos mais importantes ambientalistas do Rio de Janeiro, a missão depende de esforços conjuntos.
"Temos como desafio resgatar os imensos passivos ambientais existentes, o que dependerá de investimentos e parcerias público-privadas bem como a articulação/participação da sociedade, além da proteção efetiva das unidades de conservação já existentes e das demais áreas protegidas legalmente. O tempo é nosso inimigo diante dos extremos climáticos que avançam de forma cada vez mais intensa e precisamos imediatamente ações concretas com investimentos que de fato façam a diferença", explica.
Segundo Leão, apesar da evolução nas políticas do setor, o sistema ainda é muito precário: "Os órgãos ambientais evoluíram muito nos últimos anos, mas ainda não têm o protagonismo necessário para enfrentar os desafios crescentes. Além disso, na minha opinião, o grande gargalo é a necessidade de incorporar os temas de forma transversal, em todo o serviço público e nas práticas das empresas. Os grandes temas ambientais têm que estar presentes em todas as frentes de atuação, desde o saneamento básico até a infraestrutura."
Na Lagoa Rodrigo de Freitas, habitat natural de diversas espécies, no coração da Zona Sul do Rio, o lixo jogado pela própria população prejudica o ecossistema. "Isso não depende do governo, depende de um mínimo de civilidade", afirma Moscatelli.
Para o ambientalista, no entanto, muito ainda precisa ser feito também por parte das autoridades. "Historicamente tivemos altos e baixos conforme quem está à frente da Secretaria de Ambiente. Atualmente estamos num período de bonança principalmente pela continuidade das políticas públicas iniciadas no governo estadual passado. Reitero que por conta desses altos e baixos, os períodos negativos, acabam comprometendo os avanços obtidos nos períodos de positivos. Portanto, temos enquanto sociedade de exigir políticas públicas de estado, onde independente de quem esteja à frente da Secretaria, não se percam os avanços conseguidos."
Moscatelli também destaca que a participação da sociedade é indispensável em ações pontuais de preservação: "Sem a participação ativa da sociedade, a conta não irá fechar. Atitudes simples como jogar lixo na lixeira já fariam um verdadeiro milagre em termos ambientais. Infelizmente pelos mais variados motivos, nosso estado se tornou um especialista em transformar nossos ecossistemas em lixões, tal como nos rios, baías e lagoas. Portanto, só vamos conseguir reverter essa conta estourada no ambiente com a ação de sociedade, poder público e iniciativa privada. Não existe mágica. Só trabalho, muito trabalho e o resultado aparece."
"Criar unidades de conservação é fácil, agora colocar para funcionar, de fato, é um dos grandes problemas. Regularização fundiária, pessoal em quantidade e devidamente habilitado, insumos materiais e planos de gestão são algumas das etapas necessárias de serem implementadas para que a unidade de conservação criada saia do papel e seja de fato operacional. Já foi pior, mas ainda estamos distantes do que precisamos para de fato gerenciarmos nossas unidades de conservação", revela.
Há 34 anos, ele se dedica a cuidar do ecossistema do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas: "Destaco que sempre dou o exemplo da Lagoa. Há quatro décadas eu ouvia que a Lagoa não tinha jeito. Eu não acreditei e durante os últimos 34 anos lutei pela naturalização de suas margens e da neutralização dos lançamentos de esgoto em suas águas e... o 'milagre' aconteceu! Não é milagre! É trabalho duro, permanente e articulado, articulando poder público, inciativa privada e sociedade, 'apenas' isso."
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