Pais foram presos no dia 10 de maio, dia em que o filho de 10 anos foi encontrado morto em TanguáReprodução
Justiça aceita denúncia contra pais acusados de deixar filho morrer desnutrido em Tanguá
Vítima, de 10 anos, assim como seus dois irmãos viviam em uma residência em situação insalubre
Rio - A juíza Juliana Cardoso Monteiro de Barros, da 2ª Vara Criminal de Itaboraí, aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) contra o casal Edson Candida Emerencio, de 42 anos, e Sabrina dos Santos Andrade Emerencio, 32, acusados de deixar o filho de 10 anos morrer após desnutrição e desidratação grave, em Tanguá, na Região Metropolitana do Rio.
Com a decisão, proferida na quarta-feira passada (31), os pais viraram réus pelos crimes de homicídio culposo (quando não há intenção de matar), omissão, maus-tratos com resultado morte e abandono material. A magistrada marcou a primeira audiência de instrução e julgamento sobre o caso para às 11h30 do próximo dia 13 para depoimento das testemunhas arroladas pela acusação.
Ambos estão presos desde o dia 10 de maio, dia em que o menino foi encontrado morto na residência onde a família morava. De acordo com a Polícia Civil, agentes da 70ª DP (Tanguá) foram até a casa após receberem uma denúncia e, no local, encontraram a criança sem vida e a casa em situação insalubre.
Segundo as investigações, após os laudos hospitalares, foi constatado que os três filhos do casal sofriam de desnutrição e desidratação grave. Essa seria a causa da morte da criança. Os agentes apuraram que a vítima chegou a ser internada duas por apresentar quadro grave de desnutrição. Uma das filhas do casal disse em depoimento que ela e seus irmãos ficaram três dias sem comer até a morte do menino.
No dia 12 de maio, o juiz Rafael de Almeida Rezende, da 1ª Vara Criminal de Itaboraí, manteve a prisão de Edson e Sabrina durante a audiência de custódia deles. Para o magistrado, os pais se omitiram de seus deveres quando não se importaram com o estado de seus filhos.
"Seus genitores continuaram se omitindo quanto aos seus deveres legais, demonstrando não se importar com o possível resultado morte. Os custodiados tinham ciência da situação médica do filho e nada fizeram para evitar o resultado trágico", escreveu Rezende.
Durante a investigação sobre a morte do menino, os agentes da 70ª DP também apuraram que uma das filhas do casal teria sido abusada pelo pai, o que nunca foi comunicado à delegacia. A equipe agora apura mais este crime contra o casal.
Médico que deu alta para vítima foi indiciado
A Polícia Civil indiciou, na última quinta-feira (1º), o médico que deu alta ao menino de 10 anos após uma das idas da criança a uma unidade de saúde da região. Ele é suspeito de homicídio culposo (sem intenção de matar), pois mesmo vendo o estado crítico da criança ele a entregou aos pais. O profissional também vai responder por falta de notificação às autoridades públicas sobre prática de violência contra criança.
Além do médico, o diretor do hospital e quatro conselheiras tutelares também foram indiciadas por não terem alertado as autoridades sobre a violência.
Segundo a 70ª DP (Tanguá), mesmo contra as recomendações de toda a equipe de enfermagem do hospital, o médico insistiu na alta, justificando que o pai do menino era guarda municipal e conhecido por todos.
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