Quadrilha vai responder pelo crime de organização criminosaReprodução
Polícia Civil prende 11 por golpe do falso empréstimo em Niterói
Quadrilha classificava com estrelas e adjetivos a dificuldade de enganar as vítimas. Grupo pretendia alcançar meta de R$ 320 mil
Rio - A Polícia Civil prendeu em flagrante uma quadrilha que aplicava o golpe do empréstimo em idosos e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Sociail (INSS), no Centro de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Equipes da 76ª DP (Niterói) encontraram, na terça-feira (13), o grupo em um escritório onde funcionava uma falsa central de telemarketing da empresa Credit. Um homem que vigiava o local para informar sobre a chegada de policiais também foi detido.
O escritório onde a quadrilha atuava tinha diversos computadores divididos em baias e contavam com headphones com microfone acoplado, como os das centrais de telemarketing verdadeiras. Segundo as investigações, os criminosos usavam dois sistemas de correspondentes bancários para conseguir os dados dos clientes, principalmente o número do benefício do INSS, e depois utilizavam uma ferramenta de sistema de call center para fazer as ligações e oferecer empréstimos.
As investigações também descobriram que a organização criminosa enganava pessoas de todo o Brasil, já que entre os números de telefones foram encontrados DDDs de várias regiões do país, não apenas do Rio de Janeiro. No local, os agentes encontraram um cartaz escrito "320k", em referência aos R$ 320 mil de meta que a quadrilha esperava alcançar. Havia ainda diversos modelos de roteiros sobre como aplicar o golpe e fichas com informações pessoais dos clientes, como CPFs e os bancos de que eram clientes.
Nessas fichas, os golpistas distribuíam estrelas para classificar a dificuldade de aplicar o golpe, sendo a maior quantidade para os mais fáceis de enganar e a menor para os mais díficeis. Eles ainda faziam anotações sobre as percepções que tinham das vítimas. "Tranquilo, pareceu um pouco esperto", escreveram sobre um cliente. "Questionou e não deu ideia", apontaram sobre outro. "Vai falar com a filha, 'mais' é burro", descreve o documento.
Para algumas fichas, também eram atribuídos adjetivos como "bonzinho", "educada, esperta", "não é flor que se cheire", "chata", "desesperada", "capeta, debochada", "infernosa", "pergunta demais" e até "desgraçado", porque a pessoa decidiu procurar sua agência bancária. Após conseguirem enganar as vítimas, elas eram encaminhadas para falar com a supervisora Ana Luiza Maia Dias Gomes, que as orientava a fazer um novo empréstimo e em seguida transferir os valores para a conta empresarial da quadrilha.
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Além de Ana Luiza, também foram presos os donos da Credit, Marcio Gabriel Costa de Jesus de Souza e Phelippe Amaral de Andrade Novais, além de Ana Beatriz Moraes da Silva, Jaqueline Barros Mesquita, Ligia Mafra Fernandes, Paula Beatriz Moreira Rodrigues, Samira Cristina da Silva, Thallita da Rocha Nascimento, Iury Luiz do Nascimento e Luan Victor Rodrigues de Lima. O último ficava na porta do prédio onde funcionava o falso call center para alertar a quadrilha sobre a chegada de policiais.
Luan tentou resistir a abordagem dos agentes e acabou agredindo um deles. Contratado como uma espécie de "olheiro", como os usados pelas facções criminosas, o suspeito já havia se envolvido em outra ocorrência, relacionada a uma grande apreensão de drogas. Com ele, foi encontrado um roteiro para aplicação do golpe. A quadrilha vai responder pelo crime de organização criminosa, que tem pena de prisão de três a oito anos e multa. As investigações continuam para identificar outros envolvidos.
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