Veículos recuperados durante a operação no Complexo do ChapadãoReprodução

Rio -  A Polícia Civil realizou uma operação, nesta sexta-feira (16), no Complexo do Chapadão, na Zona Norte, para combater o roubo de cargas e veículos. Ao todo, 14 pessoas foram presas e 24 veículos recuperados. Segundo as investigações, a região se tornou uma das bases operacionais da facção criminosa Comando Vermelho (CV).
A ação foi realizada por agentes das Delegacias de Roubos e Furtos de Automóveis e de Cargas (DRFA e DRFC), com a Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE), e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), além apoio de outras delegacias especializadas da capital. Essa foi mais uma fase da Operação Torniquete, que teve início em novembro de 2022, e ao todo já teve 201 presos e 220 veículos recuperados.
De acordo com o delegado titular da DRFC, Alessandro Petralanda, as investigações apontam ainda que os criminosos não se limitam ao espaço da comunidade. “A gente descobriu que eles são extremamente violentos e costumam fazer roubos com latrocínio, que são as mortes das vítimas, já que eles não têm paciência e agem de forma truculenta”, explicou.
O Comando Vermelho costuma fornecer armamento pesado como fuzis, pistolas e granadas, para a prática de roubos de veículos e de cargas, que são cometidos principalmente na Baixada Fluminense e em diversas outras regiões do Rio de Janeiro, como Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, bairros das zonas Sul e Norte. Além de Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana. O grupo ainda leva terror a vias expressas como Avenida Brasil, Via Light e Avenida Pastor Martin Luther King Jr.

Em um dos casos, no dia 11 de abril de 2022, uma idosa de 72 anos foi arrastada por 400 metros após ficar presa ao cinto de segurança durante um roubo ocorrido no bairro da Pavuna, na Zona Norte. Em outro crime, no dia 29 de abril de 2023, criminosos do mesmo Complexo roubaram um caminhão e fizeram o motorista refém.
Ainda segundo o delegado, em muitos casos, essas vítimas eram sequestradas para dentro das comunidades e obrigadas a realizar transferências bancárias para membros da organização criminosa, que com isso aumentavam seu lucro.

“Eles não se contentam mais com tráfico de drogas, eles têm diversificado suas atividades criminosas e uma delas são os veículos roubados. Em caso de roubos de cargas, geralmente elas são separadas e passadas para receptores específicos, já alguns carros e veículos são cortados e outros enviados para outros países, como o Paraguai, além dos que são usados para rodar na comunidade ou usado de transporte de uma comunidade para outra", explicou.
Delegado titular da DRFC, Alessandro Petralanda - Cleber Mendes/Agência O DIA
Delegado titular da DRFC, Alessandro PetralandaCleber Mendes/Agência O DIA


O produto desses roubos costuma ser levado para o Complexo do Chapadão e para outras comunidades com atuação do Comando Vermelho, que contam com forte armamento, que é utilizado contra as forças policiais.
As investigações revelam ainda que no interior dessas comunidades ocorrem as seguintes atividades criminosas relacionadas aos roubos de veículos e de cargas: Armazenamento, transbordo e revenda das cargas roubadas para receptadores; Clonagem de veículos para posterior revenda ou troca por armas e drogas; Desmanche de veículos para revenda de peças; Uso dos veículos roubados pelas quadrilhas para deslocamento e cometimento de outros crimes; e Cativeiro de vítimas sequestradas para realização de transferências via PIX; entre outros.
Devido a ação 12 unidades escolares foram fechadas, afetando 4.048 alunos. Já as clínicas da família mantiveram o atendimento à população, suspendendo apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares.
O objetivo da operação era o cumprimento de 20 mandados, mas apenas 13 foram cumpridos. Ainda de acordo com o delegado, novas localidades serão alvos da operação. As investigações continuam.