Sandra Mathias é nutricionista e ex-jogadora de vôleiDivulgação/ Redes sociais

Rio - A Polícia Civil do Rio concluiu na segunda-feira (19) o inquérito que investigou as agressões feitas pelas ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá contra os entregadores Max Angelo dos Santos e Viviane Maria de Souza no dia 9 de abril, em São Conrado, na Zona Sul do Rio. Sandra foi indiciada pelos crimes de lesão corporal, injúria e perseguição (stalking). O inquérito conduzido pela 15ª DP (Gávea) foi enviado ao Ministério Público do Rio. 
A defesa de Viviane afirmou que ainda não teve acesso ao relatório do inquérito. A advogada Prisciany Sousa afirma que pleiteou que Sandra fosse indiciada por lesão corporal, perseguição e injúria no âmbito homoafetivo. A defesa acrescentou que vai reivindicar reparação por danos já que o veículo utilizado nas entregas da vítima ficou danificado.
"Não posso dizer que estou satisfeita porque não tive acesso ao relatório. Vou pleitear reparação por dano material. Viviane está trabalhando de bicicleta. A defesa entregou às autoridades imagens que comprovam a Sandra derrubando a mobilete, que ainda não conseguiu consertar", afirmou Prisciany.
Prestes a completar 39 anos no dia 2 de julho, Viviane Maria trabalha para se reerguer após ter se sentido humilhada e ter sido presa, quando afirma ter sofrido agressões. A entregadora espera que a justiça seja feita para que trabalhadores sejam respeitados.
"Estou bem, graças à Deus, pelo fato de ter saído daquela casa de pedra, cova dos leões, sofri agressão lá dentro. Era Deus me protegendo, e abaixo, minha advogada, e o psicólogo lá dentro. Fui agredida, perseguida, vítima de homofobia trabalhando. Agora estou de bicicleta, comecei do zero, mas estou com a cabeça erguida. Que sirva de exemplo para quem agride trabalhador. Somos todos iguais", declara.
Viviane acrescenta que quer se recompor emocionalmente e financeiramente. Ela está morando com a nora e o filho na comunidade da Rocinha, em São Conrado. "Deus que vai lapidando tudo que foi marcado em mim. Senti muita vergonha, humilhação, me senti injustiçada. O mundo todo ficou sabendo de mim. Hoje vivo de favor na casa do meu filho. Não tenho condição de nada. Estou com dívidas e preciso arcar com a responsabilidade com minha advogada. O que mais quero é ter um serviço digno. Sempre fui trabalhadeira e vou sempre continuar. Na Rocinha não tem lixo de favela, como ela disse, a Rocinha é um coração de mãe. Tem pessoas guerreiras, sofridas. No lixão também nasce a melhor flor", completa Viviane.
O crime aconteceu no domingo de Páscoa depois que Sandra teria se revoltado com a presença de entregadores sentados na porta de uma loja, na Estrada da Gávea, próximo ao número 847, em São Conrado.

De acordo com os entregadores, a mulher passeava com o cachorro e, ao se deparar com o grupo, cuspiu no chão e seguiu andando com o animal. Ao voltar, Viviane questionou o motivo da raiva da ex-atleta de vôlei, que se alterou e passou a ofender e agredir os entregadores.

Max Ângelo dos Santos, uma das vítimas, foi chamado de marginal e preto. Sandra também o agrediu com socos e com a guia de uma coleira de cachorro.

A entregadora que sofreu as agressões chegou a ser presa após a repercussão do caso. Contra ela havia um mandado de prisão que estava em aberto por tráfico de drogas, expedido pela Justiça de São Paulo, em 2016. Viviane foi solta após o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) aceitar um pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) para a sua liberação. A vítima das agressões ficou presa, por um mês, no Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, Zona Oeste.