Quadrilha especializada em sequestro e extorsão é alvo de ação da Polícia Civil e MP nesta quarta-feira(28). Na foto: Suspeitos chegando a Cidade da PoliciaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Vítimas relataram a polícia que os integrantes da quadrilha agiam com muita brutalidade e chegaram até a ser torturados. Em depoimento, algumas disseram que tiveram sacos colocados em suas cabeças para provocar asfixia mecânica e outras que teriam sido agredidas com tijoladas e coronhadas. Um casal ainda alegou ter sofrido uma ameaça de estupro.
A ação teve como objetivo o cumprimento de 54 mandados de prisão e 55 de busca e apreensão contra a organização criminosa. Segundo os as investigações, a quadrilha atua em Belford Roxo, Duque de Caxias, São João de Meriti e outros municípios da Baixada Fluminense, além da capital, São Gonçalo e outras cidades da Região Metropolitana.
Ainda de acordo com as investigações, os criminosos publicaram falsos anúncios de compra e venda de veículos na internet e, ao marcarem encontro para a negociação, as vítimas eram sequestradas e levadas para o interior de comunidades. Segundo o delegado José Mário Salomão Omena, titular da 58ª DP (Posse), os anúncios eram publicados diversas vezes pelos bandidos e os valores variavam entre R$ 10 a R$ 15 mil.
“Eles fizeram vários anúncios, que foram repetidos várias vezes. Faziam um anúncio de carros que variavam entre R$ 10 e R$ 15 mil, carros populares ou carros com a idade avançada, com preço parecido com o de mercado para que a vítima não suspeitasse que poderia ser golpe e não fosse lá”, contou.
No local, os sequestradores obrigaram as vítimas a entrarem em contato com familiares e exigiam transferências de valores por meio de pix. Pelo menos 35 vítimas de diversos municípios do estado foram identificadas.
“Elas eram torturadas e todo dinheiro que fosse possível retirar dessas vítimas era retirado por transferência, por pix e por empréstimos pré-aprovados que tivessem em um aplicativo. Depois de esgotar o fôlego financeiro da vítima, eles faziam ligação de vídeo para parentes do sequestrado e exigiam mais dinheiro como um resgate para fazer a soltura”, alegou o delegado.
As investigações ainda apontaram que três diferentes vítimas foram atraídas pelos criminosos pelo mesmo anúncio e foram sequestradas e extorquidas ao mesmo tempo. Foi a partir desse caso que os primeiros integrantes do grupo foram presos. Uma das vítimas foi liberada após pagar o valor do resgate e se encaminhou até a delegacia, onde denunciou o local para onde tinha sido levada. A polícia foi até o cativeiro e realizou a prisão, além de libertar os demais sequestrados.
Os alvos da operação foram identificados por meio do levantamento de informações de inteligência e depoimentos das vítimas dos casos que foram registrados. Os integrantes da organização criminosa também foram denunciados por roubo majorado e sequestro relâmpago.
A organização criminosa era subdivida em cinco núcleos: a liderança, os braços armados, os anunciantes, os favorecidos pelas transações e os receptadores. “Tinha a liderança, composta de alguns elementos, depois tinha o grupo de braços armados, que eram os marginais que ficavam subjugando as pessoas, armados com armas pesadas em alguns casos. Tinha o grupo dos anunciantes, que atraíam essas pessoas para a comunidade, tinha o grupo de favorecidos do pix ou dos créditos, tem a maquininha que, por exemplo, se acabou o pix, mas tinha cartão de crédito, eles limpavam o cartão de crédito, cartão de débito. Depois ainda tinha o núcleo dos receptadores, as vítimas que chegavam tinham seus bens subtraídos também, telefone, relógio, tudo de valor e, por último, tinha um grupo já destinado a vender esses bens e transformar em dinheiro”, explicou o delegado.
Segundo o MP, a investigação revelou que a organização criminosa é estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, estabelecida entre os mais de 50 integrantes, tendo lesado no mínimo 50 vítimas, deixando um prejuízo estimado em mais de R$ 600 mil. Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa, que acatou integralmente os pedidos do MPRJ.
A operação foi realizada por policiais civis da 58ª DP (Posse) e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ. Agentes do Departamento Geral de Polícia da Baixada (DGPB) e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) também participaram da ação.
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