Luana Cristina Floquet ao lado do pai, Manoel Messias da Silva, preso por enganoArquivo Pessoal

Rio - Um erro da Justiça de Pernambuco prolongou a permanencia de Manoel Messias da Silva, de 58 anos, no Presídio Tiago Teles de Castro Domingues, no Complexo Penitenciário de Guaxindiba, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Preso há 21 dias, o mecânico é homônimo de um acusado de furtar uma égua em um sítio da cidade pernambucana de Sairé, no ano de 1999. No dia 15 de junho, uma ação da 58ª DP (Posse) cumpriu um mandado de prisão com o seu nome. 
A inocência de Manoel foi comprovada pela filiação diferente que constava no documento e, nesta terça-feira (4), o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), após identificar o engano, expediu o alvará de soltura. A expectativa era de que ele deixasse a prisão na quarta-feira (5), mas outro erro o manteve preso. Segundo o advogado Hamilton Arcênio da Conceição, o habeas corpus foi encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, ao invés de para o presídio de São Gonçalo. 
"Meu pai é velhinho, tem problema de coluna, 21 dias vivendo esse pesadelo. Ele não merecia passar por isso (...) Toda hora é uma coisa, a gente fica esperando ele sair, consegue a liberação e agora fica nessa burocracia de chegou e-mail, não chegou, se já está no Rio. É difícil lidar com isso, ficar esperando a Justiça resolver as coisas. Tanta pessoa que devia pagar pelo que fez e está livre, e pega meu pai, um cara inocente, trabalhador, honesto e está lá mais um dia nesse sufoco, nessa luta, nesse desespero. É muito triste isso", lamentou a filha de Manoel, Luana Cristina Floquet. 
Ainda de acordo com o advogado, a Justiça pernambucana vai reenviar o alvará e Manoel deve deixar a cadeia nesta sexta-feira (7). Morando em São Paulo, a filha do mecânico chegou a vir para o Rio de Janeiro dar apoio à família, que mora em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, mas precisou voltar para casa. Ela contou ainda que adoeceu por conta da preocupação, contraindo uma pneumonia bacteriana. Luana afirmou que espera ansiosa a soltura e que já sabe o que quer dizer quando puder falar com o pai novamente. 
"(Vou) ligar, como de costume, porque eu moro em São Paulo, e falar que eu o amo muito, que irei sempre cuidar dele, retribuir tudo o que ele fez por mim, pelos meus filhos, um grande pai e avô, que eu revirei o mundo para ver ele solto, que ter ido nas mídias e jornais era para que todos que possam vir a julgar, saibam que ele é inocente e que eu queria ele de volta para casa de cabeça erguida e com dignidade, que eu pedi muito a Deus pra que isso tivesse fim", afirmou a filha.