Adjailma Azevedo e José Roberto Santos de Souza, pais do menino, estiveram na delegacia na quartaPedro Ivo
Familiares e amigos chegaram no cemitério através de um ônibus da prefeitura. Crianças, com uniforme de escola, também estiveram no local. A vítima morreu depois de ser baleada quando estava uniformizada ao lado da mãe e esperando o ônibus para ir à Escola Municipal Darcy Ribeiro, onde estudava.
Antes do velório, moradores do condomínio protestaram contra a atuação policial no local. Segundo Daniele Reges, de 45 anos, vizinha da vítima, não houve confronto no momento em que o menino foi baleado.
"Que fique bem claro para todos: não foi o tráfico que atirou naquela criança. Foi a polícia. Eu estava na esquina colocando meu filho para a escola com mais duas mães. Não foi um traficante que em nenhum momento se manifestaram. A bandidagem está no sistema. Eu sou uma mulher que não posso trabalhar porque não tenho confiança de largar o meu filho dentro de casa. A polícia já entrou dentro da minha casa e botou arma na minha cara. Eu não sou traficante", disse.
Relembre o caso
A criança morreu na manhã desta quarta-feira (12) depois de ser baleada no condomínio Minha Casa, Minha Vida, localizado na Estrada do Bosque Fundo, em Inoã. O local onde a vítima morava é disputado pelo tráfico e pela milícia.
Segundo a PM, os agentes que atuaram no local afirmaram que foram atacados por criminosos enquanto realizavam patrulhamento, o que gerou um confronto. Após o fim do conflito, os policiais encontraram o menino morto depois de ser baleado.
Ainda de acordo com a corporação, a viatura dos agentes foi atingida pelos disparos e os criminosos fugiram. A corregedoria acompanha o caso, que está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG).
Já a família acusa os policiais de chegarem atirando no condomínio. Um dos tiros até acertou a mochila de outra estudante, que estava próximo ao menino quando ele foi baleado. A vítima tinha transtorno do Espectro Autista (TEA) e não conseguiu correr no momento do tiroteio, segundo familiares.
O menino é a sexta criança assassinada por bala perdida no Estado do Rio neste ano, de acordo com levantamento do Instituto Fogo Cruzado.
A Polícia Civil já ouviu familiares do menino e quatro policiais envolvidos na ação. Imagens de câmeras que estavam acopladas nas fardas dos agentes serão usadas para esclarecer o caso. As armas dos PMs já foram apreendidas.
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