Sandra ficou muito machucadaReprodução
Médica agredida por pai e filha na Zona Norte sofreu cinco lesões, aponta laudo
Sandra Lúcia Bouyer Rodrigues foi atacada após André Luiz do Nascimento Soares e Samara Kiffini do Nascimento Soares ficarem insatisfeitos com demora para atendimento
Rio - O laudo do exame de corpo de delito da Polícia Civil apontou que a médica Sandra Lúcia Bouyer Rodrigues sofreu cinco lesões em diferentes regiões do corpo, em decorrência das agressões de André Luiz do Nascimento Soares, de 48 anos, e Samara Kiffini do Nascimento Soares, 23. A profissional era a única plantonista do Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, Zona Norte, na noite de domingo (16), quando foi atacada por pai e filha, que se irritaram com a demora no atendimento para um ferimento na mão.
De acordo com a 27ª DP (Vicente de Carvalho), responsável pelas investigações, as lesões da médica foram identificadas no tórax; na coxa esquerda; nos antebraços esquerdo e direito; na boca; e na orelha direita. Em um desabafo sobre o episódio em suas redes sociais, a médica afirmou que prestava atendimento para mais de 60 pacientes internados, sem o suporte de nenhum segurança e se descreveu como "vítima da precariedade e insegurança".
Na ocasião, segundo testemunhas, André chegou à unidade com um corte no dedo, sem gravidade, acompanhado de Samara. A confusão teria se iniciado após funcionários pedirem que os dois aguardassem porque outros pacientes mais graves estavam sendo atendidos. Insatisfeitos com a demora, pai e filha quebraram vidros de portas e janelas do hospital e o homem agrediu Sandra Lúcia com um soco. A vítima sofreu um corte na parte interna da boca e precisou receber cinco pontos.
Relatos afirmaram ainda que André, que dizia estar armado, e Samara também invadiram a sala vermelha, onde ficam os pacientes com quadros de saúde mais graves. Um deles, com infarto agudo do miocárdio, saiu do local com a coluna de soro para se esconder no banheiro. Por conta das agressões, a paciente Arlene Marques da Silva, de 82 anos, que estava em estado gravíssimo, ficou sem acompanhamento e acabou morrendo. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a idosa entrou em parada cardiorrespiratória às 4h e a equipe tentou reverter o quadro, mas não teve sucesso.
Para Elaine Marques, de 52 anos, a mãe morreu por conta do susto, já que estava se recuperando. O corpo da idosa foi sepultado na tarde desta segunda-feira (17), no Cemitério de Irajá. A vítima deixa oito filhos, netos e bisnetos. "Minha mãe era muito amada, muito querida e bem tratada demais para morrer dessa forma", lamentou a filha.
Segundo delegado Geovan Omena, titular da 27ª DP, pai e filha foram autuados por homicídio doloso com dolo eventual, por não se importarem com a vida dos pacientes ao invadir a sala vermelha da unidade. André Luiz e Samara vão passar por uma audiência de custódia, a partir das 13h desta terça-feira (18), na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio.
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