Padre Victor Hugo Nascimento e o comissário administrativo da igreja,Claudio André CastroReprodução

Rio - Reaberta em junho após quase quatro anos fechada, a Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, na Rua do Ouvidor, Centro do Rio, retoma aos poucos as tradições e apresenta novidades no calendário de serviços. Neste mês voltará a ser celebrada a Missa dos Avós, no dia 26, e a Missa Votiva de Nossa Senhora das Graças, que ocorria mensalmente, todo dia 27. 
"É uma tradição que a igreja sempre teve e parou com a pandemia", explica o comissário administrativo da Irmandade que administra a igreja, Claudio Andre de Castro. Agora, a celebração terá a execução de um concerto no órgão de 1873, que foi restaurado para a reabertura do templo. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a igreja começou a ser construída em 1747 em um oratório dedicado à Nossa Senhora da Lapa, onde os comerciantes se reuniam para rezar.

O maestro Marcos Paulo irá conduzir um recital de música barroca no instrumento. Durante a missa de Nossa Senhora das Graças, que começará às 10h, uma pequena urna ficará perto do altar para receber pedidos dos fiéis. Castro conta que a igreja faz isso há 100 anos. Após a missa, os pedidos são queimados pelo padre na sacristia em um momento de oração.
No dia 26 de julho será realizada a "Missa dos avós". Outra cerimônia que costumava ser realizada no templo. A Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores tem em suas laterais duas imagens, consideradas as mais belas da cidade, dos santos São Joaquim e Santana, avós de Jesus Cristo. No século XVIII era realizada a Festa de Santana e São Joaquim, tradição interrompida nos anos 1950. "Quisemos retomar. Faremos sempre com o órgão e o maestro Marcos Paulo", conta o comissário administrativo da igreja pela Arquidiocese do Rio, o empresário Claudio Andre de Castro.

Desde a reabertura, em 10 de junho, a igreja realiza todos os finais de semana, aos sábados e domingos, missas solenes em latim com coral e grande orquestra. O Astorga Coral e Orquestra, da cantora Juliana Sucupira conduz o espetáculo que tem enchido a igreja do Rua do Ouvidor.

"A missa é sempre solene. Tem sempre uma produção na entrada, exatamente como era feito no século XIX e início do século XX, com flores naturais, como se fosse um casamento", explica o comissário.
"É uma homenagem ao que era feito na igreja até 1960. Em 1962, a igreja não fez mais esse evento”, completa. Durante a semana, as missas são normais, em língua portuguesa, e acontecem às 8h.

Desde que assumiu a administração da igreja da irmandade, Claudio Andre de Castro tem comandado uma pesquisa histórica sobre o templo. O sino restaurado, já está badalando de hora em hora, e recentemente foi descoberto que o relógio da fachada da igreja está parado desde 1922. "Nós conseguimos patrocínio e vamos botar para funcionar pela primeira vez em 101 anos até o mês de setembro", adiantou.

Localizada na Rua do Ouvidor, número 35, o templo religioso guarda uma bala de canhão que atingiu sua torre durante a Revolta da Armada em 1893. Na ocasião, a imagem de Nossa Senhora da Fé caiu de uma altura de 25 metros sem sofrer grandes danos, tendo quebrado apenas parte de dedos da mão. A escultura encontra-se preservada em uma sala no interior do templo, assim como a imagem que recebia orações dos mercadores na Rua do Ouvidor, antes mesmo da construção da igreja.

O medalhão trabalhado em mármore na parte superior da fachada representa a coroação da Virgem Maria e foi encontrado durante escavações realizadas no terreno para uma remodulação da igreja no século XIX.

A visitação turística da nave e altares laterais do templo está aberta de 9h às 18h, exceto feriados. A sacristia e o átrio de Nossa Senhora da Fé, onde está a bomba que atingiu a igreja, podem ser visitados em dias úteis de 9h às 14h, aos sábados de 9h às 17h, e domingos de 9h às 18h, exceto em horários de missas.