Representantes da PF e do MPRJ falam da operação ÉlpisBrenda São Paio/ Agência O DIA
O endereço pesquisado, no entanto, não era mais residido por Marielle. A PF avançou nas investigações e descobriu a forma de pagamento feita por Ronnie para realizar as pesquisas, feitas dois dias antes do crime. Élcio foi acionado somente para o serviço, substituindo a função de Maxwell Corrêa, o "Suel", que era o motorista. O ex-bombeiro foi preso nesta manhã em sua casa.
Foram cumpridos um mandado de prisão preventiva contra Maxwell e seis mandados de busca e apreensão, na cidade do Rio de Janeiro e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na casa do ex-bombeiro foram apreendidas armas de fogo. Junto com Ronnie Lessa, Suel mantinha a família de Élcio e ajudava a pagar a defesa no processo. O dinheiro, segundo os investigadores, vinha de atividades ilícitas da milícia.
Das seis pessoas intimadas, somente Denis Lessa, irmão de Ronnie, e Edilson Barbosa, conhecido como 'Orelha', foram ouvidos pela manhã. Denis foi indiciado por favorecimento pessoal. Edilson Barbosa foi indiciado pelo desmanche em do carro utilizado no crime.
Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o Mauricinho; e Jomar Duarte Bittencourt Junior, o Jomarzinho, são apontados como responsáveis pelo vazamento da operação Lume, da Polícia Civil, em 2019.
Já João Paulo Vianna dos Santos Soares e Alessandra da Silva Farizote, de acordo com as investigações, receberam a arma do crime no dia 16 de março.
Na operação foram apreendidos aparelhos celulares, armas supostamente legalizadas, veículo e outros bens.
Suel participou de planejamento do assassinato
Ainda de acordo com as investigações, Suel participou de vigílias contra Marielle antes do assassinato e foi o responsável por levar o carro utilizado no crime, um Cobalt, para o desmanche.
Suel também sabia da logística do assassinato e há indícios de sua participação no planejamento do crime desde agosto de 2017. O ex-bombeiro ainda teria auxiliado na troca de placas dos veículos antes do crime.
Além disso, ele também era o dono do carro usado para esconder as armas que estavam em um apartamento de Ronnie Lessa e teria ajudado a jogar o armamento no mar.
Delação premiada
Após a PF assumir as investigações, Élcio fez uma delação premiada e detalhou todo o planejamento do crime. Porém, afirmou ter sido convocado somente no dia do assassinato.
De acordo com ele, Suel quem participaria da emboscada, porém, por conta de um problema anterior no veículo utilizado no crime, Lessa preferiu chamar Élcio, que dirigiu o carro.
Na ocasião, Lessa teria ido no banco da fente mas, no local da vigilância, passou para o banco de trás, onde se equipou e passou a vigiar as vítimas.
Após o crime, os dois foram até o Méier, na casa de Denis Lessa, irmão de Ronnie, onde entregaram bolsas e chamaram um táxi até a Barra da Tijuca. Com a investigação, a PF conseguiu com a cooperativa de táxi a trajetória do veículo, confirmando a versão dada por Élcio.
Na época, também a promotora do MPRJ, Simone Sibilio, que respondia pela investigação do caso no órgão, afirmou, em entrevista na porta da DH, na Barra da Tijuca, que Correa foi proprietário do carro utilizado para ocultar um arsenal de armas de Ronnie Lessa, acusado de ser o executor da vereadora.
A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle Franco, Anielle Franco, afirmou nesta segunda-feira (24) que confia na PF e voltou a indagar sobre o mandante das mortes: "Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF e repito a pergunta que faço há 5 anos: quem mandou matar Marielle e por quê?"
Os assassinatos de Marielle e Anderson completaram cinco anos em 2023 sem respostas sobre o mandante do crime. Os dois foram mortos no dia 14 de março de 2018. Em fevereiro desse ano, o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que a PF abrisse um inquérito paralelo para auxiliar as autoridades fluminenses.
Nas investigações da Polícia Civil, o avanço mais consistente no caso aconteceu em março de 2019, quando Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa foram presos no Rio de Janeiro. O primeiro é acusado de ter atirado em Marielle e Anderson, o segundo, de dirigir o carro usado no assassinato. Quatro anos depois, eles continuam presos, mas não foram julgados. Os dois estão em penitenciárias federais de segurança máxima.
Ronnie foi condenado a 13 anos, 6 meses e 22 dias pela posse de 117 fuzis e farta munição, que foram encontrados na casa do seu amigo Alexandre Motta de Souza na semana de sua prisão. A apreensão é a maior já realizada no estado do Rio de Janeiro. Os fuzis, sem os canos, estavam desmontados dentro de caixas.
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