Agentes da PF cumpriram um mandado de prisão e de busca e apreensão na residência de SuelReprodução

Rio - A Justiça do Rio determinou, na quinta-feira passada (20), a transferência do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, preso nesta segunda-feira (24), para um presídio federal de segurança máxima fora do Estado do Rio. Ele é acusado de participação em uma tentativa de homicídio contra a vereadora Marielle Franco em 2017, meses antes do efetivo assassinato cometido pelo ex-policial militar Ronnie Lessa.
A decisão é do juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal da Capital. Segundo o magistrado, a detenção de Suel em um presídio federal é necessária já que os indícios que o mesmo integraria uma milícia para exploração de 'gatonet' em Rocha Miranda, na Zona Norte, podem por risco a ordem pública caso ele fique em uma unidade prisional estadual.
"A informação de Polícia Judiciária da Polícia Federal indica que o acusado ostentaria patrimônio incompatível com suas receitas. Além do que, como já referido, haveria indícios de que integraria organização criminosa armada para exploração de 'gatonet' em Rocha Miranda. Dado o contexto criminoso geral e suas condições pessoais, infere-se, em princípio, que sua presença em unidade prisional comum poderia pôr em risco a ordem pública e toda a segurança do Estado do Rio de Janeiro", escreveu. 
Kalil ainda levou em conta o fato em que os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados de serem o atirador e o motorista do carro no dia do crime, respectivamente, também cumpriram pena em um presídio federal.
"Os corréus já pronunciados foram enviados a presídio federal porque, dentre outros motivos, teriam envolvimento com milicianos, possuindo vínculos de amizade com agentes policiais da ativa, suspeitos de atividades ilícitas, sendo a medida vital à segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. A decisão foi confirmada pelas instâncias superiores. O alegado vínculo do ora denunciado com os corréus, como analisado nos itens acima, indica que, pelos mesmos motivos, a transferência dele também se revela, em princípio, imprescindível", escreveu.
A determinação de transferência para um presídio federal ocorreu na mesma sentença em que o juiz decidiu pela prisão preventiva de Suel. O ex-bombeiro foi preso nesta segunda-feira (24) em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, durante a Operação Élpis. Ele morava em uma mansão de três andares dentro de um condomínio de luxo. O alto padrão de moradia chamou atenção dos investigadores. 
Tentativa de homicídio contra Marielle
A ação da Polícia Federal desta segunda-feira (24) aconteceu após delação premiada de Élcio de Queiroz, que revelou a participação de Suel nos planos de Ronnie Lessa para assassinar Marielle. No final de 2017, ambos teriam tentado matar a vereadora enquanto ela estava em um táxi no Estácio, região central do Rio.
Na ocasião, Queiroz contou que o ex-bombeiro dirigia o veículo, Lessa estava armado no banco do carona com uma submetralhadora MP5 e o policial militar Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, assassinado em 2021, estava com um fuzil AK47 no banco traseiro. O crime só não teria acontecido por um problema mecânico no carro em que estavam. Segundo Queiroz, Lessa ficou chateado com Suel porque achou que o homem hesitou.
A delação ainda mostrou que Suel teria monitorado Marielle em diversas oportunidades em 2017, inclusive guardando o carro que seria usado no crime em março de 2018. Queiroz afirmou ainda que o ex-bombeiro encontrou com ele e Lessa em um bar, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, após o assassinato e disse que sabia que ambos tinham cometido o crime, devido as circunstâncias do fato.
O ex-bombeiros já foi condenado e preso por obstruir as investigações acerca da morte de Marielle e Anderson. Segundo a acusação do Ministério Público do Rio, ele foi um dos responsáveis de esconder e descartar a arma usada no crime.
Homem nega acusações
A advogada Fabíola Garcia, que representa Maxwell, afirmou que o cliente negou qualquer envolvimento na morte de Marielle. Na tarde desta segunda-feira (24), a defesa contou que ainda estava estudando a delação premiada para poder dar mais informações sobre o caso.
"Eu não tive condições de ler tudo para que ele pudesse falar perante a Justiça e para colaborar com a investigação. Não nos negamos a falar, mas temos que ter conhecimento do que consta lá. Comecei a ler parte da delação junto com o Maxwell. Tudo que eu consegui ler até agora ele nega completamente. Ele nega integralmente qualquer participação do que eu li para ele. E eu já li uma boa parte. Ele falou para mim que isso não tem fundamento e que não tem participação", destacou.
Garcia ainda revelou que Maxwell não tinha nenhuma relação com Queiroz e que ambos se conheceram através de Lessa. A advogada informou que, após terminar de ler todo o processo, vai tentar a liberdade para o seu cliente ou que ele seja mantido em um presídio estadual.

"Não vejo necessidade [do presídio federal]. Eu não tenho uma linha de defesa agora. Eu fui pega de surpresa como todo mundo. Uma delação premiada que ninguém sabia. Eu estou estudando. Tenho que estudar para traçar uma linha de defesa. Eu acredito no meu cliente 100% que ele não tem envolvimento. Eu sou advogada dele há bastante tempo. Acredito nele", completou.