Rio - O bebê que nasceu dentro de um ônibus da linha 862 (Rio das Pedras - Barra da Tijuca), em janeiro deste ano, voltou para o cuidado dos pais Wagner Sarmento Júnior e Camila Santos de Souza, nesta terça-feira (25), depois de meses morando em um abrigo por causa de uma decisão judicial.
O menino foi retirado dos pais e encaminhado ao Conselho Tutelar logo após o nascimento por falta de documentações. Na época, os outros três filhos de Wagner e Camila, de 2, 5 e 7 anos, não tinham registros de nascimento, vacinas e nem vínculo escolar, além do fato de o casal também não ter emprego.
Passados seis meses, ambos conseguiram regularizar as determinações da Justiça. Na tarde desta terça-feira (25), o casal passou pela última audiência sobre o caso, no Fórum de Madureira e retomou a guarda do bebê. Emocionada, Camila disse que só tem felicidade em reencontrar o filho.
"Estou muito feliz. É uma explosão de tanto sentimento que eu nem sei como explicar. Estou muito feliz mesmo. Não tem como explicar", afirmou.
Já Wagner revelou que estava confiante que o menino voltaria para casa.
"Só felicidade daqui para a frente. A luta foi grande, mas desde o começo eu sabia que ia dar tudo certo. Só felicidade. Muita felicidade e alegria daqui para a frente só", destacou.
A família, que mora atualmente em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, continuará sendo acompanhada por equipes multidisciplinares do município e de proteção à Criança e ao Adolescente. A Justiça orientou que o casal deve continuar frequentando cursos profissionalizantes e cursos de orientação sobre os direitos e deveres dos pais.
"Sentimento de dever cumprido", diz defesa
Os advogados Flafson Barbosa e Amanda Travassos foram os responsáveis por representar Camila e Wagner durante todo o processo de retomada da guarda do bebê. A defesa alegou que todas as reivindicações da Justiça já foram sanadas.
"Já foi tudo resolvido. As crianças estão documentadas e vacinadas. Todos com documentos, inclusive os pais, que estão vacinados. Eles estão já em uma casa que é possível receber o bebê. Tudo direitinho. Já foi feita toda a vistoria", explicou Barbosa.
Flafson revelou um sentimento de dever cumprido após o resultado da audiência desta terça-feira (25). Para o advogado, a família pôde ter voz depois de todo o período sem o menino.
"Sentimento de dever cumprido. Podemos dar voz a uma família que foi rechaçada por pessoas que não tinham o mínimo de conhecimento da realidade dos fatos. Podemos esclarecer ao Judiciário informações controversas que levaram ao acolhimento do infante. É uma sensação indescritível, como advogados e seres humanos, poder fazer a diferença na vida de uma família", completou.
Relembre o caso
O menino nasceu no dia 16 de janeiro deste ano, dentro de um ônibus da linha 862 (Rio das Pedras-Barra da Tijuca). O parto foi realizado pela estudante de enfermagem Gerlane Macedo, de 26 anos, que tornou-se sua madrinha. A mulher notou que Camila subiu no veículo com dores e reclamando com o marido, o que despertou sua atenção.
O menino e a mãe foram encaminhados para a Maternidade Municipal Leila Diniz, na Barra da Tijuca, e receberam alta dois dias depois do nascimento. Contudo, o bebê foi retirado dos pais por determinação judicial.