Liminar da Justiça deu direito as crianças de terem seus tratamentos custeados pelo convênioDivulgação
Mães de crianças com necessidades especiais denunciam plano de saúde por paralisação de tratamentos
Pausa ocorre devido à suspensão dos pagamentos realizados pelo convênio para a clínica de Reabilitação Multidisciplinar Recriando, em Campo Grande
Rio - Mães de crianças com necessidades especiais denunciam a Unimed Rio pela paralisação no tratamento na Clínica de Reabilitação Multidisciplinar Recriando, em Campo Grande, na Zona Oeste. A pausa dos tratamentos ocorre devido à suspensão dos pagamentos realizados pelo convênio para a clínica.
De acordo com as mães, todas pagam pelo convênio, mas o plano não cobre os tratamentos necessários de seus filhos. No entanto, elas conseguiram uma liminar na Justiça que obriga o plano a custear todo o tratamento. A decisão está em vigor desde 2020, mas em abril deste ano a Unimed Rio passou a descumprir a determinação.
Simone Alves Pereira, de 47 anos, mãe de Kayke, de 13 anos, portador de paralisia cerebral, revelou que já tentou várias vezes entrar em contato com o convênio por telefone, mas é orientada a procurar seu advogado, não obtendo respostas sobre a ausência dos pagamentos do plano.
"Isso não é um problema na liminar, mas sim uma falta de pagamento ao prestador de serviço. É uma resposta que eles não dão. A própria clínica já tentou entrar em contato com eles por diversas vezes, a Unimed fica prometendo a data de pagamento e nada. A clínica está disposta até a receber o valor parcelado por um acordo. Mas nem isso eles cumprem. O que resta a clínica é suspender os atendimentos das crianças", afirmou.
Segundo a mãe, Kayke tem a parte motora completamente comprometida, pois não consegue sentar sozinho, não anda e não rola, sendo 100% dependente de uma cadeira de rodas. "Meu filho tem paralisia cerebral, então para ele essa paralisação do tratamento causa atrofia dos membros e estresse psicológico, porque ele vivem na rotina dos atendimentos. Quando quebra essa rotina para ele é uma coisa muito estressante, sem contar que tem a parte da atrofia, pois deixa de estar alongando, exercitando as musculaturas do corpo todos os dias", afirmou.
"Meu coração está em pedaços, porque o ganho das crianças com deficiências são mínimos e leva muito tempo pra se conquistar algo e um dia sem o atendimento é uma regressão imensa", lamenta.
Nathany Isabele, de 32 anos, é mãe de Gustavo Henrique, de 5, portador de paralisia cerebral, microcefalia e epilepsia. Ela diz que, além de conseguir a liminar para o tratamento do filho, também conseguiu na Justiça a liberação de equipamentos de fisioterapia motora por parte do convênio. "No meu caso demorou três meses e só foi liberado porque o meu advogado entrou com uma ação de penhora pra descontar o valor dos equipamentos diretamente da conta da Unimed", revela.
"Mês passado fui em uma perícia médica a qual a Unimed me mandou por uma intimação para fazer. Essa perícia era para comprovar se realmente meu filho necessitava continuar fazendo os tratamento os quais estão liberados na liminar. Foi comprovada a necessidade e mesmo assim continuaram não custeando. Não falaram nada, ficamos sabendo através da clinica. Eles informaram para mim que meu filho só seria atendido até fim desse mês e que a partir do mês de agosto não poderia mais continuar atendo por falta de pagamento", afirmou Nathany.
Já Sirleane Cristiana, de 32 anos, é mãe de Heitor, de 6, que tem hidrocefalia, epilepsia, autismo, síndrome genética e má formação renal. De acordo com ela, a situação tem tirado seu sono e poderá fazer com que seu filho não possa mais ir a escola, devido a ausência do acompanhante terapêutico incluso no tratamento dele.
"Isso é desesperador. Meu filho precisa das terapias, da fonoaudiologia e da fisioterapia respiratória. É muito importante para o dia a dia dele, assim como para todas as outras crianças. Ele é autista, sair da rotina vai ser muito desgastante para ele. E no caso do meu filho, nem frequentar mais a escola ele vai poder, porque hoje ele só frequenta escola pois tem um acompanhante terapêutico do tratamento dele. Ele fica com meu filho em todo o momento na escola. É triste saber que tudo que leva meses ou anos para o meu filho conquistar, será perdido a qualquer momento porque o plano não pagou", completou.
Procurada pelo DIA, a Unimed Rio ainda não se manifestou sobre as denúncias feitas pelas mães. O espaço segue aberto para a manifestação da empresa.
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