MPRJ denuncia PM por fraude processual em investigação sobre homicídio de ex-presidente da Portela
Anselmo Dionísio das Neves, de 47 anos, foi preso nesta sexta-feira (28) por porte de munição de uso restrito durante um cumprimento de mandado de busca e apreensão em sua casa
Policial militar Anselmo Dionísio das Neves é investigado pela morte do presidente da Portela - Divulgação
Policial militar Anselmo Dionísio das Neves é investigado pela morte do presidente da PortelaDivulgação
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou o policial militar Anselmo Dionísio das Neves, de 47 anos, pelo crime de fraude processual. O agente, preso em operação realizada na sexta-feira passada (28), é acusado de atrapalhar as investigações sobre a morte do ex-presidente da Portela, Marcos Vieira Souza, conhecido como Marcos Falcon.
Segundo o órgão, Anselmo, conhecido como Peixinho, teria levado um dos celulares da vítima no dia em que o assassinato aconteceu, em 2016, no comitê de campanha em Madureira, Zona Norte do Rio. Falcon era candidato a vereador pelo Partido Progressista (PP) na época.
O aparelho foi devolvido aos familiares do ex-presidente da Portela dias depois, mas não passou por perícia porque estava com danos irreparáveis.
A denúncia foi realizada pelo MPRJ na última sexta-feira (28), data em que Anselmo foi preso durante uma ação do Grupo de Atuação Especializada do órgão (Gaeco), com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.
Questionado, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) disse que a denúncia ainda não foi analisada.
Conversão da prisão em flagrante para preventiva
Anselmo foi preso em flagrante por porte de munição de uso restrito, pois durante o cumprimento de busca e apreensão em sua residência foram encontradas quatro munições 38 SPL. Durante audiência de custódia realizada no sábado (29), a juíza Priscilla Macuco Ferreira decidiu por converter a prisão do PM em flagrante para preventiva em busca de garantir a ordem pública.
"Embora o delito em tela não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça, entendo necessária a decretação da prisão preventiva do custodiado para a garantia da ordem pública, pela gravidade em concreto do delito, eis que necessário garantir tranquilidade ao meio social, já bastante abalado pela circulação clandestina de armas e munições que alimentam os altos índices de violência no Estado do Rio de Janeiro, o que reiteradamente é noticiado na imprensa local", escreveu.
A magistrada chamou a atenção para o fato de que Anselmo é um policial militar. Segundo ela, o homem tem conhecimento que deve possuir autorização para portar munições de uso restrito e que o flagrante registrado "denota a maior reprovabilidade da conduta" do agente.
Ferreira ainda negou pedidos da defesa de liberdade provisória e prisão domiciliar.
Morte de Falcon
O ex-presidente da Portela, Marcos Falcon, foi morto em setembro de 2016, na sede do comitê de campanha para vereador, na Rua Carlos Xavier, esquina com a Rua Maria José, em Madureira, na Zona Norte do Rio. No atentado, o então tesoureiro da escola, Felipe Guimarães, foi atingido por um tiro de raspão.
De acordo com as investigações, dois homens armados com fuzil entraram no comitê e outros dois, que estavam encapuzados, esperaram do lado de fora. Na época, o delegado da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), Rivaldo Barbosa, confirmou que Falcon havia sido vítima de uma execução.
Nesta sexta-feira (28), a ex-namorada de Marcos, Michele de Mesquita Pereira, também foi alvo de um mandado de busca e apreensão. Na casa dela, foram apreendidos R$ 80 mil em espécie, sem comprovação de origem, e um celular. De acordo com a investigação do Gaeco, a mulher estava com Falcon no dia da sua morte. Ela trabalhava com ele no comitê.
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