Policiais federais foram às ruas para cumprir um mandado de prisão e sete de busca e apreensãoMarcos Porto / Agência O Dia
Policial militar é alvo de mandado de prisão em operação sobre esquema de gatonet na Zona Norte
Agente lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Formiga, na Tijuca, foi procurado pela Corregedoria da PM e pela Polícia Federal
Rio - Um policial militar, lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Formiga, na Tijuca, Zona Norte, foi alvo de um mandado de prisão preventiva, nesta sexta-feira (4), durante a operação conjunta que mira um esquema de gatonet, no qual o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, preso na investigação das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes, teria envolvimento.
Segundo a Polícia Militar, agentes da corregedoria da corporação, por meio da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (1ª DPJM), estiveram na UPP do Morro da Formiga para dar apoio à Polícia Federal no cumprimento do mandado de prisão contra o PM, que não teve a identidade revelada.
A corporação informou que a 1ª DPJM fez buscas pelo policial na residência dele e na unidade em que ele está lotado, mas não o encontrou. A PM destacou que colabora com as investigações e que não compactua com desvios de conduta praticados por seus agentes.
A operação desta sexta-feira (4) foi deflagrada pela PF, pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), vinculados ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ).
Além do mandado de prisão, os agentes cumpriram sete mandados de busca e apreensão em endereços no Complexo do Lins, no Méier, e em Rocha Miranda, todos na Zona Norte da cidade. Um homem foi conduzido à sede da Superintendência da PF, no Centro do Rio, um carro e malas com objetos ainda não identificados foram apreendidos.
Mulher de Suel foi um dos alvos
Aline Siqueira, mulher de Suel, esteve na sede da PF, na manhã desta sexta-feira (4), para prestar esclarecimentos depois do cumprimento de um novo mandado de busca e apreensão em sua residência que resultou na apreensão de seu carro.
Fabíola Garcia, advogada que representa o casal, disse que o veículo já tinha sido apreendido no dia da prisão de Suel e que Aline tinha ficado como fiel depositária. A mulher foi apontada pelas investigações como laranja para os crimes do marido, mas a defesa nega a acusação.
"Eu não vou dizer que ela seja laranja. Toda a vida financeira vai ser justificada, vai ser apresentada e vai ser esclarecida. Inclusive, já começou a ser esclarecida hoje. Laranja ela não é, mas o que foi juntado dentro dos autos foi sobre o trabalho formal", explicou a advogada.
Esquema de gatonet
A operação aconteceu após delação premiada do ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso por dirigir o carro usado no dia dos assassinatos de Marielle e Anderson, apontar que Suel tinha um esquema de gatonet junto com o também ex-PM Ronnie Lessa, preso por atirar nas vítimas.
Durante sua colaboração premiada, Queiroz afirmou que Maxwell explorava sinal de TV e internet, em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, mas não soube afirmar se o bairro era a sede do grupo criminoso. "Não sei. A sede eu não sei. Quando eu fazia entrega, fazia muito na área de Rocha Miranda. Via o falecido que fazia cobrança dele, que foi até executado; o Jorginho que fazia cobrança dele e mataram ele", contou em delação.
Élcio, no entanto, confirmou que o ex-bombeiro tinha uma sociedade com Lessa. "O Ronnie tem sociedade com o Suel nessas antenas da gatonet. Só que da parte da comunidade de Jorge Turco. Todo asfalto ali, que não é comunidade, é do Suel. Essa parte seria do Ronnie, que entrou depois que o cara tentou tomar dele e tal... então o Ronnie entrou de sociedade", afirmou.
De acordo com as investigações da PF, Suel teria arrendado os pontos de gatonet após sua primeira prisão, em 2020. A ação desta sexta-feira (4) mirou endereços de pessoas que teriam envolvimento no esquema do ex-bombeiro.
Envolvimento na morte de Marielle
Suel foi preso no dia 24 de julho durante a Operação Élpis, que investiga a morte de Marielle e de Anderson. A delação premiada de Queiroz apontou que o ex-bombeiro participou de vigílias sobre a vereadora antes de seu assassinato.
Ele também teria participado de uma tentativa de feminicídio contra ela no final de 2017 dirigindo o carro onde estavam Lessa e o ex-PM Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé. Na ocasião, o crime não aconteceu porque Suel alegou problemas mecânicos no veículo. Segundo Queiroz, Lessa ficou chateado com o parceiro porque entendeu que ele hesitou.
Segundo as investigações, Maxwell foi o responsável por levar o carro utilizado no crime, um Cobalt prata, para o desmanche. Ele também teria participado de toda a logística do assassinato planejando o crime, junto com Ronnie Lessa, desde agosto de 2017. Suel ainda teria auxiliado na troca de placas do veículo depois do crime.
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