Boate Street Lapa deveria estar interditada, segundo o Corpo de BombeirosBruno Kaiuca / Agência O Dia
Polícia colhe depoimento de dono da boate na Lapa onde modelo caiu do terceiro andar
A investigação analisa imagens de câmeras de seguranças para esclarecer o caso; Suede de Oliveira, de 44 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu nesta terça-feira (8)
Rio - A Polícia Civil já colheu o depoimento do dono da boate Street Lapa, localizada na região central do Rio, sobre a queda do modelo Suede de Oliveira, de 44 anos, do terceiro andar do estabelecimento. O homem morreu nesta terça-feira (8) devido a gravidade dos ferimentos.
O caso está sendo investigado pela 5ª DP (Mem de Sá). Segundo a Civil, os investigadores realizaram uma perícia na boate, que fica na Avenida Gomes Freire, e estão analisando as câmeras de segurança do local para entender como Suede caiu. O acidente aconteceu por volta das 3h40 de segunda-feira (7).
Ao DIA, o delegado Deoclécio Assis explicou que ainda falta ouvir testemunhas, parentes, amigos, funcionários da boate, socorristas e médicos que atenderam o modelo. Os agentes também aguardam o laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre a causa da morte de Suede para dar prosseguimento com a investigação.
"As diligências para melhor apurar os fatos e compreender o que realmente ocorreu causando a morte de Suede foram iniciadas. Como as diligências ainda estão em andamento é precoce fazer qualquer afirmação no campo jurídico penal, sob pena de atropelarmos as investigações e tirarmos conclusões precipitadas. Numa primeira análise das imagens é possível verificar que Suede desceu a escada, encostou no guarda corpo e de repente caiu para frente, sobre o guarda corpo da escada. As investigações seguirão até concluirmos o que de fato aconteceu e qual a causa mortis", explicou o delegado.
Durante o velório do filho, nesta quinta-feira (10), Ednalda Maria Silva de Oliveira alegou que houve negligência por parte da boate. Para ela, o local deveria oferecer estruturas de segurança para evitar que acidentes como o do filho acontecessem.
"Se tivesse um guarda-corpo, se tivesse um corrimão, talvez ele não tivesse morrido. Poderia ter caído, mas isso não aconteceria como aconteceu. Acho que faltou estrutura de segurança. É um absurdo as pessoas venderem bebida no local onde não tem segurança", argumentou.
O modelo foi socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, ainda na segunda-feira (7), mas morreu um dia depois. A irmã de Suede, Natane de Oliveira, criticou a demora do estabelecimento para contatar a família.
"O gerente da boate só entrou em contato com a gente a partir das 11h da manhã do outro dia. Ele deu entrada na emergência às 4h da manhã, mas só fomos avisados pela manhã. A única coisa que ele fez foi ligar para a gente e dizer que meu irmão caiu. Pediu também que fossemos lá para saber qual o estado de saúde dele", comentou.
O velório e o sepultamento de Suede aconteceu no Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio, nesta quinta-feira (10).
Interdição do Corpo de Bombeiros
A Street Lapa foi interditada pelo Corpo de Bombeiros no dia 2 de janeiro de 2021. Segundo a corporação, o Grupamento Operacional do Comando Geral (GOCG), quartel que cobre a área da boate, emitiu um auto de interdição nesta data e, por isso, o local deveria estar fechado. Desde então, não houve uma regularização junto aos Bombeiros.
A corporação ressaltou que a manutenção da interdição é de responsabilidade da Polícia Militar e o dono do estabelecimento assume o risco de funcionar mesmo estando em situação irregular. O Corpo de Bombeiros ainda acrescentou que todos os órgãos responsáveis, como prefeitura, PM, e Ministério Público do Rio, pela manutenção da interdição e habilitados a punir o estabelecimento no caso de descumprimento, foram informados em ofício no dia 06 de janeiro de 2021 sobre a decisão.
De acordo com a PM, a corporação recebeu o ofício, mas não tem competência sobre a fiscalização desse embargo parcial da boate.
Já a Prefeitura do Rio, através da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), disse que o alvará do estabelecimento está válido para funcionamento como boate e que não é responsável pela fiscalização da interdição do Corpo de Bombeiros.
O que diz a boate
A Street Lapa, usou as suas redes sociais, nesta quarta-feira (9), para se pronunciar sobre o assunto. De acordo com a postagem no stories do Instagram, a morte de Suede não é resultado de problemas estruturais e que o acidente não aconteceu na pista principal.
A boate destacou que apta ao funcionamento com todas as licenças e liberações em dia. O estabelecimento lamentou a morte do modelo e disse que o homem foi vítima de um acidente, sendo prontamente socorrido pela equipe do local.
"Nós, da equipe Street Lapa, lamentamos o falecimento de um dos nossos clientes, e, através dessa nota, prestamos condolências a todos os seus familiares e amigos. O mesmo, infelizmente, foi vítima de um acidente que ocorreu dentro do nosso estabelecimento, sendo prontamente socorrido por nossa equipe, que lhe prestaram todos os primeiros socorros no local, até que os bombeiros chegassem e o conduzissem, ainda com vida, para o hospital", informou.
A postagem também frisou que está em contato com a família de Suede para prestar todo apoio, seja financeiro ou psicológico. "Estamos à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento, e além disso, temos os registros das câmeras de segurança, que serão disponibilizadas", completou a boate.
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