Aulas de jardinagem no Parque Natural da Cidade ajudaram na manutenção da área paisagística do lugarMarcos Gusmão
Parque da Cidade, na Gávea, é revitalizado
Local, que abriga o Museu Histórico da Cidade, passou por reforma dos banheiros e restauração de fonte e de piscina
Rio – O Parque Natural da Cidade, uma área de cerca de 500 mil m² - o equivalente a 46 campos de futebol – acaba de passar por obras de renovação. Chamado de 'pulmão da Gávea', por estar localizado no bairro da Zona Sul, o local ganhou reforma dos banheiros, instalação de novas placas de sinalização, higienização das esculturas, limpeza e manutenção do piso e dos jardins próximos ao Museu Histórico da Cidade, e restauração da Fonte do Índio e da piscina Marajoara, monumento tombado em 1965 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).
A revitalização do local, cujo acesso fica no fim da Rua Marquês de São Vicente, tira o lugar do ostracismo. A iniciativa partiu do projeto Revitaliza Rio, que tem à frente as empresa CariocaDNA e Das Lima, e apoio da Prefeitura do Rio através das secretarias de Cultura e do Meio Ambiente, da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (CDURP), do Fundação Parques e Jardins (FPJ), do Inepac e da Associação de Amigos do Museu Histórico da Cidade, além de um grupo de empresas patrocinadoras.
O principal objetivo do Revitaliza Rio é o resgate de espaços públicos da cidade, preservando patrimônios culturais e artísticos e transformando lugares que sofreram com a degradação ao longo dos anos em ambientes de convivência, cultura e lazer.
"O RevitalizaRio tem como meta melhorar os espaços públicos da cidade através de intervenções que recuperem o seu patrimônio cultural e suas áreas de lazer e convivência social, fundamentais para o bem estar de seus moradores", destaca Renata Lima, produtora cultural do Das Lima
O Parque da Cidade abriga o Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, edificação que data de 1809, que preserva cerca de 20 mil peças, entre elas o trono de Dom João VI, esculturas do Mestre Valentim, gravuras do pintor e desenhista francês Jean-Baptiste Debret e obras de artistas como Visconti, Augusto Malta e Marc Ferrez. O palacete do Museu chegou a ficar fechado por uma década, sendo reaberto em maio de 2021.
Além disso, possui fontes, trilhas, parque infantil, área de convivência e um conjunto diverso e rico de animais e plantas. Embora parte do parque tenha sido reflorestada, ainda há seções nativas de Mata Atlântica.
"O Parque da Cidade revitalizado oferece cultura, lazer, trilhas, contato com a natureza, proteção da nossa fauna e flora e bem estar para toda população", afirma Lilian Pieroni, produtora cultural da CariocaDNA. O parque infantil foi totalmente reformado, e recebeu novos brinquedos, substituindo os quebrados e com ferros aparentes.
Antiga propriedade do diplomata do governo imperial Jose Antônio Pimenta Bueno, o marquês de São Vicente, e, anos mais tarde, adquirida pela família Guinle, que executou diversas obras que originaram em sua forma atual, o lugar foi vendido em 1939 por Guilherme Guinle, com todas as suas benfeitorias e objetos de arte, a prefeitura do então Distrito Federal, que a utilizou como sede de 1941 a 1948.
Duas atuais pérolas do parque foram encomendadas por Guinle, a piscina com cascata Marajoara (recebe água de uma fonte natural) e a Fonte do Índio, ambas criadas em 1930 pelo ceramista e artista gráfico português Fernando Correia Dias. Este último projeto, de inspiração marajoara, típica do período de Art Déco na cidade, estava pichado e com os azulejos bastante degradados pela ação do tempo. Já a piscina estava aterrada e com azulejos quebrados, então foi preciso desviar a água das cascatas, retirar centenas de quilos de terra e realizar a recomposição volumétrica da cerâmica, um trabalho escultórico e artesanal, para trazer de volta a composição original do espaço.
Como uma exposição de arte ao ar livre, em meio à natureza, o Parque da Cidade conta ainda com esculturas de diferentes artistas e períodos. O projeto realizou a limpeza e a manutenção da obra 'Contemplação', do artista dinamarquês Jesper Neergaard, feita em mármore de Carrara. Outra obra ao ar livre do artista está no Aeroporto Santos Dumont. Localizadas no entorno do Museu Histórico da Cidade, as esculturas em mármore 'Deusas da Antiguidade Clássica' também foram limpas e passaram por um processo de proteção.
O canteiro localizado na área dos banheiros também foi revitalizado. Primeiro foi feita a limpeza, com a remoção de ervas daninhas e outras espécies. Depois, foi a vez de receber as mudas de plantas.
A manutenção da área paisagística no entorno do Museu Histórico da Cidade foi feita por um grupo de alunos do curso introdutório de jardinagem promovido pelo RevitalizaRio em parceria com o Instituto Eventos Ambientais (Ieva), que promove eventos e serviços ambientais com foco na sustentabilidade e inclusão social. O grupo também limpou uma área com bueiros do parque, removendo os materiais orgânicos, como folhas e galhos, para que houvesse o escoamento correto da água, em caso de chuva.
"Restaurar o Parque da Cidade é resgatar a história do Rio. O Museu Histórico da Cidade é o elemento mais importante do parque, nenhum museu tem acervo tão importante para a cidade. Em paralelo a isto, o parque proporciona programa completo para a família, com programação de esporte, cultura, café e música aos domingos com o cantor Pedro Miranda. É possível passar o dia no parque, fazendo piquenique, por exemplo”, afirma Renata Lima, da Das Lima.
As próximas ações do projeto RevitalizaRio acontecerão na Praça Paris, na Glória. A obra de arte pública 'Monumento ao Almirante Barroso' (1909), que fica no local, já começou a ser revitalizada.
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