Patrick Abrahão é casado com a cantora PerllaReprodução/Redes Sociais

Rio - O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) revogou a prisão do empresário Patrick Abrahão Santos Silva preso na Operação La Casa de Papel, em outubro de 2022. As investigações da Polícia Federal, Receita Federal e da Agência Nacional de Mineração (ANM) apontaram que o marido da cantora Perlla participou de um esquema de pirâmide financeira que atua em mais de 80 países e causou prejuízo de R$ 4,1 bilhões a, pelo menos, 1,3 milhão de pessoas. A decisão é do dia 7 agosto e foi confirmada pelo órgão nesta sexta-feira (18). 
A juíza federal Júlia Cavalcante Silva Barbosa também determinou a soltura do pai do empresário, Ivonélio Abrahão da Silva, e de Diego Ribeiro Chaves, Diorge Roberto de Araújo Chaves e Fabiano Lorite de Lima. A magistrada alegou que a manter a prisão preventiva dos réus, que já dura cerca de dez meses, é "desproporcional, restando os riscos à ordem pública, econômica e social, bem como a necessidade de garantir a aplicação da lei penal - que permanecem presentes,- suficientemente garantidos por medidas cautelares de menor gravidade". 
Na decisão, a juíza estabeleceu que Patrick, Ivonélio, Diego, Diorge e Fabiano cumpram medidas cautelares como comparecimento mensal em juízo; proibição de deixar o país, sem autorização legal; proibição de manter contato com os demais réus e investigados (exceto em caso de parentesco); e proibição de mudança de residência ou de ausentar-se da comarca de sua residência. O empresário deixou a Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, em 10 de agosto.
Operação La Casa de Papel
Patrick Abrahão foi preso no dia 19 de outubro de 2022, no condomínio de luxo onde morava, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, em um desdobramento da Operação La Casa de Papel. O empresário foi apontado como um dos responsáveis pela suposta empresa de investimentos Trust Investing, que funcionava como um esquema de pirâmide para cometer crimes contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, usurpação de bens públicos, crime ambiental e estelionato.
A Trust Investing oferecia para os clientes planos de investimentos com valores que iam desde 15 até 100 mil dólares, prometendo ganhos exorbitantes de até 20% ao mês e quase 300% ao ano. O lucro seria obtido supostamente através de transações no mercado de criptoativos realizadas por profissionais que atuavam na empresa. A organização também incentivava que as vítimas captassem novos investidores para o esquema.
Segundo a PF, "as redes sociais passaram a ser inundadas por milhares de reclamações em inúmeros sites, dezenas de páginas sociais e grupos criados no Brasil e em outros países, buscando recuperar o dinheiro investido, tudo sem sucesso”. No portal Reclame Aqui, dedicado a queixas de consumidores, foram efetuados mais de 100 registros contra a Trust Investing, relatando o "sumiço do dinheiro" e "impossibilidade de sacar qualquer quantia há mais de seis meses". 
À época, a 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande (MS) determinou o bloqueio de 20 milhões de dólares, além do sequestro de dinheiro em contas bancárias, imóveis de altíssimo padrão, gado, veículos, ouro, joias, artigos de luxo, mina de esmeraldas, lanchas e criptoativos das pessoas físicas e jurídicas investigadas. Nas redes sociais, Patrick costumava ostentar uma vida luxuosa e publicar fotos ao lado de famosos e líderes religiosos. Ele também publicava conteúdo motivacional e instruções incentivando pessoas a investir em criptomoedas.
Em novembro do ano passado, inspetores da Seap encontraram um celular e um carregador com o empresário, durante uma revista no presídio Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó, e Patrick admitiu que pertenciam a ele. Após o flagrante, os materiais foram apreendidos e ele chegou a ser levado para isolamento. À época, um procedimento apuratório foi aberto pela Comissão Técnica de Classificação (C.T.C).