Rio - A Justiça do Rio determinou, nesta sexta-feira (18), a soltura do delegado Marcos Cipriano, que estava preso desde maio do ano passado suspeito de envolvimento na exploração do jogo do bicho. De acordo com a decisão do juiz Richard Robert Fairclough, da 1ª Vara Criminal Especializada do Rio, o policial cumprirá medidas cautelares até a conclusão do processo.
Cipriano estava preso desde o dia 10 de maio do ano passado. Ele foi um dos alvos da "Operação Calígula", que investigava o envolvimento de agentes da Segurança Pública com o bicheiro Rogério de Andrade. Segundo a sentença, o delegado será monitorado eletronicamente e precisará passar por recolhimento noturno das 20h às 6h, em dias úteis, fins de semana e feriados.
"Considerando o fim da instrução, e por isonomia em relação aos demais réus em situação similar, não se justifica mais a prisão preventiva do réu MARCOS CIPRIANO, sendo suficiente para garantir a ordem pública cautelar diversa, qual seja, monitoramento eletrônico e recolhimento noturno, das 06:00 am até as 20:00 pm e finais de semana e feriados. EXPEÇA-SE ALVARÁ DE SOLTURA, oficie-se a Central de Monitoramento da SEAP para as providências necessárias no prazo de 05 dias”, escreveu o magistrado.
Em fevereiro deste ano, o mesmo juiz havia negado outra tentativa da defesa de obter a soltura do delegado usando como justificativa a "magnitude da suposta organização criminosa, com vasta capilaridade, influência, e indícios de complexa atuação em várias espécies de negócios, lícitos e ilícitos, e tráfico de influência, inclusive com agentes públicos".
Fairclough também citou na decisão de fevereiro o fato de um celular ter sido encontrado em posse de Cipriano dentro de presídio. "Forte indício de que mantinha em continuidade suas atividades com o mundo externo", comentou à época.
Denúncia do MPRJ
Na denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que resultou na prisão do delegado, ele seria um dos envolvidos em quadrilha comandada pelo bicheiro. Cipriano, inclusive, teria apresentado o PM Ronnie Lessa, preso pela morte de Marielle Franco e Anderson Gomes, ao bicheiro. A relação era investigada após ligação entre os dois ter sido investigada pela Corregedoria da Polícia Civil.
O MPRJ disse que foi Cipriano quem intermediou um encontro entre Lessa, a delegada Adriana Belém e o insperor Jorge Luiz Camillo, considerado seu braço-direito. Nessa reunião, teria se costurado um acordo para liberação de um caminhão com 80 caça-níqueis apreendidos em casas de apostas. Rogério de Andrade teria pago para conseguir a liberar a carga.
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