Cipriano passou por audiência de custódia e teve prisão mantida Divulgação/ MPRJ

Rio - A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que o delegado Marcos Cipriano de Oliveira teve sua prisão preventiva mantida durante audiência de custódia nesta terça-feira. Ele foi preso na Operação Calígula e foi levado no fim da noite passada para o presídio de Bangu 8, na Zona Oeste do Rio. 
Já a delegada Adriana Belém, também presa nessa operação, prestou depoimento e segue na Corregedoria da Polícia Civil. Ela vai ser levada nesta quarta-feira para o Instituto Médico Legal (IML) e depois será encaminhada para o Instituto Penal Oscar Stevenson, presídio em Benfica, na Zona Norte do Rio, onde vai passar por audiência de custódia.
Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), os presos na operação atuavam em uma rede de bingos liderada por Rogério de Andrade e seu filho, Gustavo de Andrade, e acobertada por policiais. O grupo tem como membro Ronnie Lessa, preso pela execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
Cipriano atua como conselheiro da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa) desde setembro do ano passado. Delegado há mais de 20 anos, grande parte da carreira como titular da Delegacia Proteção ao Meio-Ambiente (DPMA), ele estava sem cargo na Polícia Civil, mas não deve perder o atual emprego na Agência.
A Agenersa decidiu não comentar a decisão judicial que levou à prisão preventiva do delegado, por não se tratar de fatos relacionados às atividades da Agência e que aconteceram antes de sua nomeação, mas ressaltou que um conselheiro só perde seu mandato caso seja condenado. "De acordo com o artigo 9º da Lei 4.556/2005 o conselheiro somente perde o mandato por condenação judicial transitada em julgado ou condenação em processo administrativo disciplinar", afirmou a Agência, em nota.
Em um perfil no Twitter, Cipriano se apresenta como delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro e subsecretário da Secretaria de Estado da Casa Civil. Mas, a pasta informou que ele não ocupa e nunca ocupou o cargo. No Instagram, ele costuma compartilhar registros de viagens e paisagens paradisíacas. O perfil dele está trancado e as publicações são vistas apenas por seguidores autorizados.
Desde o ano passado, o delegado é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil por uma ligação telefônica com Ronnie Lessa, apontado por ser o assassino de Marielle e de Anderson. Na época, ele negou as acusações e acrescentou que a ligação aconteceu antes de Lessa ser acusado pelo homicídio da vereadora e do motorista.

Cipriano foi denunciado por intermediar um encontro entre Ronnie Lessa e a delegada Adriana Belém e seu braço-direito, o inspetor Jorge Luiz Camillo. A reunião resultou em um acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase 80 máquinas caça-níqueis apreendidas em casas de apostas. O pagamento foi providenciado por Rogério de Andrade, também alvo da operação desta terça-feira.
Em depoimento prestado em agosto de 2018, o delegado chegou a negar a acusação, mas assumiu que o encontro aconteceu depois de saber que a investigação tinha dados telemáticos. A denúncia diz que Lessa frequentemente encaminhava mensagens recebidas de Marcos Cipriano para Carlos Eduardo de Almeida da Silva, o "Kadu", apontado como um dos responsáveis pela exploração de jogos de azar, e para Maxwell Simões, o "Suel". Entre os criminosos, ele era chamado pelo apelido "Cipri".
Ao todo, 14 pessoas foram presas na Operação Calígula, 24 pedidos de prisão foram expedidos, 119 mandados de busca e apreensão foram cumpridos e 30 pessoas foram denunciadas. Nesta quarta-feira, o MPRJ iniciou a segunda parte da operação, que visa cumprir 24 mandados de busca.