Rio - A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que o delegado Marcos Cipriano de Oliveira teve sua prisão preventiva mantida durante audiência de custódia nesta terça-feira. Ele foi preso na Operação Calígula e foi levado no fim da noite passada para o presídio de Bangu 8, na Zona Oeste do Rio.
Já a delegada Adriana Belém, também presa nessa operação, prestou depoimento e segue na Corregedoria da Polícia Civil. Ela vai ser levada nesta quarta-feira para o Instituto Médico Legal (IML) e depois será encaminhada para o Instituto Penal Oscar Stevenson, presídio em Benfica, na Zona Norte do Rio, onde vai passar por audiência de custódia.
Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), os presos na operação atuavam em uma rede de bingos liderada por Rogério de Andrade e seu filho, Gustavo de Andrade, e acobertada por policiais. O grupo tem como membro Ronnie Lessa, preso pela execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.
A Agenersa decidiu não comentar a decisão judicial que levou à prisão preventiva do delegado, por não se tratar de fatos relacionados às atividades da Agência e que aconteceram antes de sua nomeação, mas ressaltou que um conselheiro só perde seu mandato caso seja condenado. "De acordo com o artigo 9º da Lei 4.556/2005 o conselheiro somente perde o mandato por condenação judicial transitada em julgado ou condenação em processo administrativo disciplinar", afirmou a Agência, em nota.
Em um perfil no Twitter, Cipriano se apresenta como delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro e subsecretário da Secretaria de Estado da Casa Civil. Mas, a pasta informou que ele não ocupa e nunca ocupou o cargo. No Instagram, ele costuma compartilhar registros de viagens e paisagens paradisíacas. O perfil dele está trancado e as publicações são vistas apenas por seguidores autorizados.
Desde o ano passado, o delegado é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil por uma ligação telefônica com Ronnie Lessa, apontado por ser o assassino de Marielle e de Anderson. Na época, ele negou as acusações e acrescentou que a ligação aconteceu antes de Lessa ser acusado pelo homicídio da vereadora e do motorista.
Cipriano foi denunciado por intermediar um encontro entre Ronnie Lessa e a delegada Adriana Belém e seu braço-direito, o inspetor Jorge Luiz Camillo. A reunião resultou em um acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase 80 máquinas caça-níqueis apreendidas em casas de apostas. O pagamento foi providenciado por Rogério de Andrade, também alvo da operação desta terça-feira.
Em depoimento prestado em agosto de 2018, o delegado chegou a negar a acusação, mas assumiu que o encontro aconteceu depois de saber que a investigação tinha dados telemáticos. A denúncia diz que Lessa frequentemente encaminhava mensagens recebidas de Marcos Cipriano para Carlos Eduardo de Almeida da Silva, o "Kadu", apontado como um dos responsáveis pela exploração de jogos de azar, e para Maxwell Simões, o "Suel". Entre os criminosos, ele era chamado pelo apelido "Cipri".
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