Casa da Advocacia do Brasil, da OAB-RJ Divulgação

Rio - As primeiras denúncias de assédio sexual sofrido por alunas e alunos adolescentes do Colégio Militar Brigadeiro Newton Braga (vinculado à Força Aérea Brasileira), na Ilha do Governador, Zona Norte da cidade, supostamente praticados por professores e funcionários, incentivaram outros jovens a procurar a Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ). 
As vítimas relataram aos advogados da Ordem terem sido ouvidas sem a presença de advogado e diante de um suposto assediador. A procuradora da CDHAJ, Mariana Rodrigues, que acompanhou uma das oitivas, conta que precisou pedir para que o suspeito esperasse do lado de fora da sala. Uma das jovens relatou aos advogados que foi submetida a uma oitiva de cinco horas de duração, realizada da mesma forma: diante do olhar do suposto assediador.
O ponto de partida foi um movimento no Twitter chamado #exposed, em maio de 2020, que encorajava vítimas de abuso sexual a dividir suas experiências. As denúncias dos estudantes colégio vinculado à Aeronáutica deram forma a Processos Administrativos Disciplinares (PAD) instaurados no âmbito da escola, em dezembro de 2021, que ainda não foram concluídos.
"Após o longo período de investigação administrativa, que se mostrou infrutífera, esperamos que a apresentação dos casos ao MPF resulte numa investigação qualificada das denúncias", afirmou o presidente da CDHAJ, Álvaro Quintão.
"As denúncias de assédio sexual nas escolas estão crescendo muito. Este ano já tivemos várias denúncias em uma escola localizada em Jacarepaguá e agora estas denúncias vindas do Colégio da Aeronáutica. É fundamental que estas denúncias sejam efetivamente apuradas. Não podemos aceitar a inércia daqueles que deveriam apurar. Outras denúncias estão chegando, e a CDHAJ vai acompanhar e exigir a punição dos eventuais assediadores", acrescentou.