Segundo os tutores, os cachorros passeiam e depois começam a ter sintomas como vômitos e convulsõesReprodução / Arquivo Pessoal

Rio - A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) investiga a intoxicação de mais de 20 cachorros em condomínios, na Vila do Pan, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. De acordo com os tutores, os animais estão ficando doentes após os passeios em áreas comuns do local. 

De acordo com José Marcio Norton, tutor de um american bully de 2 anos, após um passeio no condomínio, Mané começou a convulsionar, ficou com as pernas contraídas e vomitou. "Era uma cena de filme de terror. Ele teve uma piora a noite e chegou a ficar inconsciente. Fomos pro veterinário e ele teve mais de 10 crises durante a madrugada, ficou quatro dias internado e intubado. Eu achei que o Mané ia morrer".

Os médicos chegaram a desconfiar de um ataque epilético. No entanto, segundo José Márcio, Mané sempre foi muito saudável e exames neurológicos descartaram a possibilidade de epilepsia. "Como foi descartado, constaram que o Mané foi envenenado. Paralelo a isso, começaram a ter muitos casos no condomínio com os mesmos sintomas", contou.

Os moradores suspeitam que a intoxicação seja causada pela ingestão de algum produto usado nas áreas comuns do condomínio. "A gente acha que teve algum descaso de algum produto ou veneno e não avisaram aos moradores", relatou José Márcio.

A Shih-tzu Babe apresentou os mesmos sintomas e morreu há uma semana. De acordo com laudo toxicológico, ela foi envenenada. "Era um dia comum, a gente foi passear e enquanto eu fui buscar o meu lanche próximo a guarita, ela ficou andando no condomínio. Quando voltei, ela já estava mole, não conseguia andar direito e começou a vomitar. Quando coloquei ela no carro, já não estava respirando e sem batimento. Fiz massagem cardíaca e ela voltou. No veterinário, ela ficou recebendo oxigênio e tomou vários remédios, mas por volta de 1h da manhã ela morreu", explicou Rodrigo Vasconcelos, tutor da Babe.

Moradores afirmam que não tiveram assistência do condomínio e a síndica do prédio não deu atenção ao problema. "Até agora eu não sei o que aconteceu, nem condolências da síndica eu recebi. Na segunda-feira, a advogada do condomínio me enviou um e-mail afirmando que eu estava caluniando e que eu não tinha prova que ela foi envenenada no condomínio, sendo que ela não saiu do condomínio, não comeu nada de diferente e estava bem", ressaltou Rodrigo.

Segundo o presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB-RJ, Reynaldo Velloso, o condomínio pode ser responsabilizado e processado. "Se for constatado a culpabilidade do condomínio, ele pode responder civilmente. Tudo depende do resultado final de uma perícia, para saber se esse veneno foi colocado nas áreas comuns. O condomínio tem responsabilidade de zelar por essas áreas", explicou Reynaldo. O crime de maus-tratos prevê pena de 2 a 5 anos de prisão.
A Secretaria de Proteção e Defesa dos animais está acompanhando o caso e uma equipe de fiscalização será enviada ao condomínio para avaliar a situação. De acordo com a pasta, a segurança dos condôminos e seus animais é de responsabilidade do condomínio, que pode responder por maus-tratos aos animais. "A SMPDA seguirá acompanhando o caso, irá até o local verificar a denúncia, podendo o infrator ser multado em até R$ 4 mil", diz trecho da nota.
O condomínio Oceano Pacífico, onde Rodrigo mora, informou que não há certeza de que o fato tenha acontecido lá. Eles disseram que responderam aos moradores o mais rápido possível e que não existe negligência. O condomínio disse, ainda, que não há comprovação dos fatos e que é de interesse esclarecer os casos.

Em nota, a empresa Akron Controle Profissional de Pragas, responsável pela dedetização de três condomínios da Vila do Pan, informou que o possível envenenamento não foi provocado pelo serviço e nem pelo produto utilizado pela empresa. Segundo a empresa, os serviços são feitos em horas marcadas e os condôminos são avisados com antecedência. Além disso, os produtos são colocados em caixas trancadas para evitar o contato com crianças e animais.
De acordo com a Polícia Civil, diligências estão em andamento para apurar os fatos.