Giselle Capella foi assassinada pelo namorado neste domingo (10) em São GonçaloReprodução

Rio - O corpo de Giselle Corrêa Capella, que foi morta a tiros pelo 2° sargento da Polícia Militar Antônio Ricardo Azevedo da Silva, foi enterrado no fim da tarde desta segunda-feira (11) no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. O PM passou por audiência de custódia e teve sua prisão em flagrante convertida para preventiva. 
O crime aconteceu na manhã deste domingo (10) na residência do casal, no condomínio Athenas, localizado no bairro Tribobó, também em São Gonçalo. Informações iniciais apontam que o assassinato ocorreu após ambos terem ingerido bebidas alcoólicas e discutido.
Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para o local e encontraram Giselle já morta com tiro na cabeça. Lotado no 7° BPM (São Gonçalo), Antônio, após atirar na mulher, se apresentou na 74ª DP (Alcântara). De lá, ele foi transferido para a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) que assumiu o caso. A 4° Delegacia de Polícia Judiciária Militar também acompanha a investigação.
A defesa do PM informou que o agente era paciente psiquiátrico e fazia uso de remédios controlados. Segundo o advogado André Monteiro, ainda é preciso avaliar os autos do inquérito e levantar o histórico médico do policial para entender até mesmo se ele estava apto ou não para atuar na corporação.
"Ele é um paciente psiquiátrico, vamos levantar o histórico, do que ele faz uso ou não e quais condições que ele estava. Dentro da psiquiatria tem uma gama muito grande de sintomas e problemas, não sei exatamente o que ele tinha, não tenho acesso a laudo nenhum, a gente precisa ver o que tinha precisamente e o que tomava, até pra polícia ver se era um paciente que podia tá trabalhando ou não, mas é o órgão que devia fazer esse filtro dos agentes que estão em campo, aliás não sei nem qual era a função dele, ainda está tudo prematuro nesse sentido", explicou o advogado.
Antônio da Silva passou por uma audiência de custódia na tarde desta segunda-feira (11) e teve sua prisão em flagrante convertida para preventiva. De acordo com a juíza Rachel Assad da Cunha, a detenção do PM é necessária devido a gravidade do crime, além de resguardar a segurança de testemunhas, que ainda não prestaram depoimento sobre o caso.
"A gravidade da conduta é muito acentuada. A crueldade da ação indica a mais absoluta inadequação do custodiado ao convívio social, já que matou a própria companheira com disparos de arma de fogo. Além disso, o custodiado é policial militar, pessoa de quem se espera conduta conforme a lei e possui fácil acesso à arma de fogo, a evidenciar o risco à ordem pública com a sua liberdade. Assim, evidente a necessidade da conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva do custodiado como medida de garantia da ordem pública, sobretudo porque crimes como esse comprometem a segurança de moradores da cidade de São Gonçalo, impondo-se atuação do Poder Judiciário, ainda que de natureza cautelar, com vistas ao restabelecimento da paz social concretamente violada pela conduta do custodiado", escreveu na decisão.
Comitê lamenta morte de servidora
Giselle era servidora da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). O Comitê da Mulher Policial Penal (CMPPRJ) do órgão se pronunciou sobre o feminicídio nesta segunda-feira (11) através das redes sociais. A postagem lamentou a perda da mulher e trouxe uma reflexão sobre a discriminação de gênero.
"O feminicídio não é apenas um crime, é um sintoma de uma sociedade que ainda tolera e perpetua relações abusivas e machistas. Devemos refletir sobre os sinais de violência por parte de parceiros, muitas vezes sutis, que podem preceder tragédias como esta. Não podemos ignorar comportamentos possessivos, ameaças, agressões verbais e físicas. Devemos agir e buscar ajuda quando testemunharmos tais sinais. A luta contra o feminicídio e a violência de gênero é responsabilidade de todos nós. Devemos promover a conscientização, denunciar e apoiar as vítimas. Somente através de esforços conjuntos podemos esperar um futuro onde nossas filhas, irmãs e colegas não vivam com medo e não sejam vítimas. A tragédia que presenciamos é um alerta doloroso de que há muito trabalho a ser feito. Não podemos mais tolerar nenhum tipo de violência. Somente unidos seremos a mudança que queremos ver, para que a memória da nossa querida companheira Giselle Capella, que perdemos hoje, não seja em vão. Que Deus conforte os corações dos seus familiares e amigos", diz a postagem.