Operação na Chacrinha e Bateau Mouche mira criminosos que provocam guerra na regiãoReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil realizam, nesta sexta-feira (15), uma ação na Praça Seca, na Zona Oeste,  após mais uma madrugada de tiroteio. As equipes atuam na Chacrinha e no Bateau Mouche para reprimir a movimentação de criminosos envolvidos na guerra entre grupos rivais nas áreas de mata dessas localidades. A operação conta com apoio do 18° BPM (Jacarepaguá), que reforça o patrulhamento nos principais acessos. Veículos blindados circulam pelas ruas das comunidades e um helicóptero sobrevoa a região. Ainda não há registro de prisões ou apreensões. 
Por conta da operação, as ruas da região ficaram pouco movimentadas na manhã de hoje. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a Clínica da Família Gerson Bergher, na Rua Cândido Benício, acionou o protocolo de acesso mais seguro e interrompeu o funcionamento. Na Praça Seca, Bateau Mouche, Chacrinha e no Morro do Fubá, na Zona Norte, seis unidades escolares foram fechadas, afetando 1.316 alunos, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação. A MOBI-Rio informou que, até o momento, não houve interrupção da operação no corredor Transcarioca do BRT. 
A guerra entre os grupos rivais acontece desde o ano passado, quando o Comando Vermelho passou a invadir áreas antes dominadas pela milícia, para expandirem pontos de vendas de drogas. Segundo relatos, nesta sexta-feira, os paramilitares teriam retomado o controle da comunidade da Chacrinha. Para revidar o ataque, os traficantes teriam matado dois criminosos do Terceiro Comando Puro (TCP), aliados aos milicianos, no Morro do Fubá. Moradores relataram intensa troca de tiros na comunidade, que também é alvo de disputa pelos mesmos criminosos. 
Na manhã desta sexta, o 9º BPM (Rocha Miranda) foi acionado para duas ocorrências de encontro de cadáver no Fubá, nas localidades da Vila Santo Antônio e na Rua Garcia Pires. De acordo com a PM, os dois mortos têm ligação com o tráfico de drogas da comunidade e teriam sido mortas durante um confronto entre grupos rivais na área de mata. Segundo relatos, os corpos encontrados são dos criminosos conhecidos como Dom e Dedão. A corporação ressaltou que não houve ação no local e que o policiamento está reforçado. 
Em nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada para duas ocorrências. Na Vila Santo Antônio, em Cascadura, o corpo encontrado foi identificado como Samuel da Silva Fernandes, de 23 anos. Já na Rua Garcia Pires, em Quintino Bocaiúva, a vítima é um homem ainda não identificado. "A perícia foi realizada nos locais e diligências estão em andamento para apurar a autoria e esclarecer os fatos". Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram a madrugada deviolência. Confira abaixo. 
Rotina de violência
Na tarde de quinta-feira (14), uma manifestação na Rua Cândido Benício provocou a suspensão da circulação de ônibus do BRT nos trechos Alvorada x Penha; Alvorada x Madureira; e Madureira x Recreio, por cerca de 40 minutos. Durante o feriadão de 7 de setembro, outro protesto no local também interrompeu a operação do sistema. Nas duas ocasiões, moradores atearam fogo em entulho e pedaços de madeira, impedindo o tráfego na via. 
Na quarta-feira (13), uma idosa de 77 anos foi baleada por criminosos ao passar pela Estrada da Chácara sem abaixar os vidros do veículo que dirigia. Os bandidos teriam pedido desculpas à vítima, ao notar que se tratava de uma inocente e ordenaram que ela fosse levada até a Rua Cândido Benício para ser socorrida. A motorista foi levada por agentes do 18° BPM para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Campinho, transferida para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, e recebeu alta médica no mesmo dia. 
Na segunda-feira (11), uma troca de tiros entre PMs e criminosos provocou tensão na região e mais protestos na Rua Cândido Benício. No dia 1º setembro, a guerra entre os criminosos rivais na Praça Seca provocou a morte de uma idosa. Martha Braz de Azevedo, de 66 anos, foi baleada quando estava dentro de sua casa, na Rua Espírito Santo, no Morro do Divino. A vítima chegou a ser socorrida, mas não resistiu. Segundo a corporação, não havia operação ou ocorrência envolvendo equipes no local.