Adolescente foi enterrado na tarde de ontem no cemitério de Irajá Marcos Porto

Rio - Com pedidos de justiça e paz em faixas e cartazes, familiares e amigos se despediram do adolescente Wesley Barbosa de Carvalho, de 17 anos, no início da tarde desta terça-feira (19), no Cemitério de Irajá, Zona Norte do Rio. O jovem foi baleado por criminosos próximo à casa onde morava, em Brás de Pina. Após o sepultamento, amigos fizeram protesto em rua próximo ao local onde o jovem morreu. 
Segundo o pai de Wesley, Bruno do Vale, nenhum representante do governo procurou a família para prestar apoio ou informar sobre as investigações. "Até agora não chegaram até a gente, nem prestamos depoimento na DH. Até agora não temos resposta nenhuma", disse.
Emocionado, o pai ainda falou sobre o momento dos disparos que atingiram o tórax, abdômen e a perna direita de Wesley. Bruno lembrou que muitos moradores da localidade saíam para trabalhar no momento da troca de tiros e que muitos outros poderiam ter sido atingidos. "Eles estavam num momento de invasão, porque quando a gente correu em direção a nossa casa tinha mais gente na comunidade. (...) Só pedimos justiça. É só o que queremos", disse.
Cerca de 50 pessoas compareceram ao cemitério. Entre os familiares e amigos, alguns carregavam cartazes com mensagens pedindo justiça pelo jovem. "Justiça por um jovem trabalhador", "Queremos paz e justiça" e "Queremos fim nessa guerra sem sentido", foram algumas das mensagens.
Após o sepultamento, um grupo de amigos fez protesto em uma das entradas da comunidade da Tinta, na Estrada do Quitungo, em Brás de Pina. O ato foi acompanhado por PMS e terminou por volta das 17h30.
De acordo com relatos, o adolescente estava dormindo na manhã de domingo (17), quando ouviu os disparos na rua, próximo à localidade conhecida como Buraco, que fica entre os bairros de Cordovil e Brás de Pina. Ele saiu de casa por achar que o pai havia sido baleado e foi atingido. 

"A gente estava saindo para ir trabalhar e se deparou com um rapaz de moto que passou pela gente. Ele foi e voltou. Nisso, ele falou 'perdeu'. Achei que fosse um assalto. Foi quando ele fez os disparos. Estava eu, meu filho e o outro rapaz que trabalha com a gente. O Wesley acordou com os tiros pensando que eu tinha sido baleado. Quando ele saiu de casa, os bandidos atingiram ele. A gente pode ter sido confundido com bandido, mas a redondeza sabe que somos trabalhadores, ninguém é do mal", disse o pai da vítima.

Wesley recebeu atendimento no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos. O pai relatou que, ao ver o filho baleado, perdeu as forças e precisou de ajuda para socorrê-lo.

"Não tinha nem como pegar ele, eu estava fraco. O irmão dele pegou ele, colocou na kombi e fomos para o hospital. Aí de tarde veio a notícia de que ele não resistiu", explicou.

O caso foi registrado na 38ª DP (Brás de Pina) e encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Segundo a Polícia Civil, as investigações estão em andamento para identificar a autoria do crime e esclarecer os fatos.