Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu uma investigação contra o Hurb para apurar supostas fraudes da empresa, que já foi conhecida como Hotel Urbano, contra seus clientes, que não estariam conseguindo marcar viagens já compradas.
O inquérito foi aberto pela 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada. Clientes do Hurb estariam, desde abril, sem conseguir marcas datas de pacotes de viagens compradas pela plataforma na internet.
Em dezembro do ano passado, o MPRJ já havia ajuizado uma ação civil pública contra a empresa em razão do não cumprimento com o ofertado, devido aos constantes cancelamentos e adiamentos das datas fixadas dos pacotes turísticos que comercializa.
Na época, o órgão apontou que, a partir das inúmeras reclamações contra a agência, "há provas mais do que suficientes de que o atuar do réu vem causando inúmeros danos, tanto de ordem material, quanto moral, em razão das práticas irregulares e atentatórias aos direitos dos consumidores, tais como publicidade e venda enganosa, oferta não cumprida e serviço não fornecido". O MPRJ solicitou à Justiça que a empresa reembolse os clientes.
Pedido de renúncia e demissão de funcionários
A crise no Hurb chegou até seu fundador, o empresário João Ricardo Mendes. Em abril deste ano, ele pediu renúncia da empresa, onde também atuava como CEO. Não bastasse a enxurrada de reclamações de clientes nas redes sociais por conta da dificuldade de marcar datas de pacotes de viagens comprados na plataforma e de receber o reembolso, o executivo viralizou após a circulação de um vídeo no qual aparece xingando, ameaçando e expondo um cliente.
Na época, o Procon-RJ informou que a agência de viagens online podia ser multada em mais de R$ 12 milhões devido aos problemas com os clientes.
Em maio, 40% do corpo de funcionários da empresa foram demitidos, um dia após a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça, determinar a suspensão da venda pela plataforma de viagens de pacotes flexíveis. O corte atingiu 400 pessoas de um total de mil empregados, entre recepcionistas, supervisores de experiência do cliente e gerentes de operações.
O que diz a empresa
Procurado pela reportagem, o Hurb, que está no mercado há mais de 12 anos, disse que sempre prezou pela transparência com os seus viajantes e parceiros. A companhia reconheceu os problemas enfrentados os últimos meses, que afetam alguns processos internos, no entanto, ressaltou que todas as questões já foram mapeadas e estão sendo sanadas por meio de diversas iniciativas que compõem o Hurb 3.0.
Sobre a investigação do MPRJ, a empresa informou que ainda não foi notificada sobre qualquer ação e que, por questões legais, não comenta processos em andamento, mas esclareceu que está à disposição dos órgãos responsáveis para sanar eventuais dúvidas.
Por fim, a empresa aproveitou para reiterar o seu comprometimento com a realização das viagens adquiridas na plataforma, bem como com a devolução de valores solicitados por clientes que optaram pelo cancelamento do serviço. A companhia esclarece que está trabalhando em força-tarefa para a normalização das operações, prezando pelo melhor interesse de seus consumidores e parceiros.
"O Hurb frisa que, em prol da escuta ativa e cuidado com seus públicos, está à disposição para esclarecer eventuais dúvidas", finaliza a nota.
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