Nayla vai à 35ª DP denunciar o filho mais velho de Davi Cléber Mendes

Rio - Nayla Albuquerque, de 23 anos, ex-namorada de David Souza Miranda e mãe de uma das crianças mortas a marteladas por ele em Senador Camará, na Zona Oeste, afirma que o filho do criminoso, Christian Miranda, de 18 anos, participou de outros crimes praticados pelo pai contra ela.
A mulher esteve na 35ª DP (Campo Grande), nesta segunda-feira (25), para registrar um boletim de ocorrência contra Christian por estupro, invasão de propriedade e danos morais, mas como já havia uma denúncia em andamento sobre o caso na 34ª DP (Bangu) – constando somente o nome de David –, Nayla foi orientada a formalizar a inclusão do nome de Christian na ocorrência na distrital de Bangu. Ela chegou na delegacia de Campo Grande acompanhada de uma equipe da Patrulha Maria da Penha, da Polícia Militar.
Nayla afirma que David e o filho dele a estupraram no ano passado, mas que na ocasião registrou um boletim somente contra o ex-companheiro. Ela também denuncia que pai e filho atiraram pedras contra a casa da avó dela para que a mesma voltasse a morar com David em Senador Camará. Este último crime teria acontecido há um mês e foi registrado na 34ª DP.
Segundo a prima da denunciante, Dayanny Albuquerque, que a acompanhou na 35ª DP, Nayla vai à 34ª DP ainda nesta semana. "A gente não conseguiu registrar nada hoje porque quem fez o aditamento na 34ª (Bangu) não estava lá no momento. Os policiais estão nos instruindo para definir qual o melhor momento para voltarmos", explicou Dayanny.
David estava separado de Nayla há um mês. Os dois tiveram um relacionamento que durou nove anos e moraram juntos até a separação. Segundo familiares das vítimas, o criminoso era um homem controlador, mas não demonstrava isso para a família da mãe de Luiza. Segundo relatos, a jovem não podia ter celular, amigos e nem acesso a redes sociais. O relacionamento acabou quando a mãe de Luiza fugiu, registrou um boletim de ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra David por violência doméstica. Porém, ele ainda tinha o direito de ver a filha uma vez por semana.
Filho nega as acusações
David foi preso no sábado (23), acusado de matar a filha e a sobrinha a marteladas e queimar os corpos. A cunhada do homem, que acompanhava as meninas, foi torturada e queimada, mas sobreviveu e está em estado grave no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. O crime ocorreu na noite de sexta (22).
Logo após o crime, a família das crianças mortas afirmou que Christian foi cúmplice dos crimes cometidos por David e que pode não ter participado dos homicídios, mas que esteve junto do pai em outros delitos. Diante da repercussão do caso, Christian publicou um vídeo em suas redes sociais negando envolvimento no caso e dizendo que estava sendo vítima de fake news. Ele também disse que registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil. 
"Aqui é o Christian, eu estou vindo na delegacia prestar depoimento para dizer que eu não tenho nada a ver com o ocorrido e que eu não estava no local, quem estava era a minha irmã Ana Heloísa. Ela prestou depoimento dizendo que eu não tinha nada a ver com isso. É tudo fake news, tudo mentira", disse no vídeo.
Família rebate versão
Para a família das crianças, Christian está se aproveitando da fragilidade do momento para se esquivar de possíveis ligações com os crimes cometidos pelo pai. "Ele está aproveitando da nossa fragilidade para se defender e dizer que é inocente. Ele apedrejou a casa dos meus avós, eu estava aqui, moro com meus avós, que também são avós da Nayla", conta Dayanny.
Ainda segundo a tia das crianças mortas, David usou Nayla para trazer o filho de volta para a sua casa. "Ele não queria voltar a ver o pai, aí a Nayla disse que David resolveu usar ela como moeda de troca. Ele falou que o filho podia voltar para casa que ele deixaria ele transar com ela. Christian estuprou minha prima junto com o pai, mesmo ela dizendo que não queria. Ele pode não ter participado dos assassinatos, mas ele conviveu com tudo e participou de muita coisa, e agora ele está indo tirar o nome dele das acusações", disse a prima.
A família afirma que está com medo e que se sente vulnerável depois do crime. "Somos pessoas trabalhadoras, ver isso acontecer dá medo de sair na rua. A gente fica sem saber quem vai ser o alvo dessa vez", desabafa Dayanny.
Vítima está em estado grave
Natasha Maria Silva Gonçalves de Albuquerque, torturada e queimada pelo ex-namorado de Nayla, foi transferida neste domingo (25) do Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, para o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, ambos localizados na Zona Oeste.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), a direção do hospital informou que o quadro de saúde de Natasha é considerado grave. Foi necessário realizar a transferência, pois o Pedro II possui uma área mais apoiada para o tratamento de queimaduras.
O caso
Na ocasião do crime, Natasha havia levado sua sobrinha Luiza, de 5 anos, para ver o pai, na companhia de sua filha, Ana Beatriz, de 4, em Senador Camará, na Zona Oeste. Ao chegarem no local, David Souza Miranda amarrou a vítima e a torturou. Depois, deu marteladas nas duas meninas. Por fim, ele ateou fogo na casa e fugiu em um carro.
A mulher conseguiu se soltar e levou as crianças até o portão, quando foi socorrida por vizinhos, que acionaram a Polícia Militar.

Luiza e Natasha foram encaminhadas ao Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. No entanto, a menina morreu ao dar entrada na unidade. Já Ana Beatriz foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde já chegou sem vida.

De acordo com a Polícia Civil, David dirigiu do local do crime até cair com o carro na linha férrea na altura da Mangueira, na Zona Norte da cidade. Moradores da região foram ao local do acidente e viram um celular tocando no meio do mato. Uma pessoa que atendeu foi informada de que o suspeito havia acabado de matar duas crianças e então a polícia foi acionada. O homem fugiu a pé do local do acidente e foi capturado por policiais do Segurança Presente na Rua Conde de Bonfim, em frente ao Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte.

David foi levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pelas investigações, e permanece preso, à disposição da justiça.