Maria Mariá foi alvo de comentários racistas em um vídeo onde ela aparece sambandoReprodução / Redes Sociais

 Rio - A rainha de bateria da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, Maria Mariá, de 21 anos, foi à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na manhã desta quarta-feira (27), para registrar um boletim de ocorrência contra os ataques racistas sofridos nas redes sociais. A jovem foi alvo desses comentários em um vídeo onde ela aparece sambando na semifinal de samba-enredo para o Carnaval 2024, na última sexta-feira (22).
Ao DIA, ela contou que prints com os comentários de teor racista e misógino foram anexados junto ao boletim de ocorrência. "A partir do momento que os comentários passaram do ponto e foram racistas, eu entendi que precisava procurar a delegacia para registrar tudo isso e eles não passarem impune. Espero que todas as medidas legais sejam tomadas, já fiz a minha parte, que foi registrar a ocorrência. E agora, é deixar na mão das autoridades", disse Maria Mariá.
Nas imagens, publicadas no perfil do site Carnavalesco, a rainha aparece sambando na frente da bateria e, ao girar, o cabelo passa perto de uma das ritmistas da escola. "O ângulo não foi favorável e, como estou com tranças longas, quando eu girava parecia que pegava no rosto da ritmista. Isso não aconteceu, foi uma ilusão. Mas, como na internet tudo vira faísca para um incêndio, começaram a comentar e repostar com comentários racistas e misóginos", conta Maria Mariá.
Nas mensagens, perfis fizeram comentários de forma pejorativa sobre o cabelo trançado de Maria Mariá e também dispararam mensagens agressivas contra a mesma. "Por isso não tem cabelo de verdade. Deus não dá asa a cobra"; "Incrível como essas meninas adoram jogar esses cabelos de boneca velha na cara dos outros. Dou logo um arrancão"; "Se eu fosse a do chocalho eu acendia um isqueiro na trança dela que ela não ia nem ver de onde veio o fogo"; "Ou eu puxava essas tranças feia ou ela ia conhecer o som do chocalho"; "Mandava logo tomar no c* e jogava o chocalho na cara dela e ainda dava uma banda nessa filha da p*". Essas foram algumas das dezenas de mensagens publicadas na rede social X, antigo Twitter.
A escola de samba Imperatriz Leopoldinense também reagiu ao ocorrido e afirmou que vai dará suporte à rainha de bateria, disponibilizando advogados para que a justiça seja feita. "A luta para exorcizar este modo criminoso de agir e pensar é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. A Imperatriz e Maria Mariá, através de seus advogados, tomarão as medidas cabíveis contra os agressores. Racistas não passarão", disse.
De acordo com a Polícia Civil, diligências estão em andamento para elucidar os fatos.
Quem é Maria Mariá
Maria Mariá se tornou a mais jovem rainha de bateria da história da Imperatriz Leopoldinense, com apenas 21 anos, no ano passado. Moradora do Complexo do Alemão e estudante de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ex-passista substituiu a cantora Iza no Carnaval de 2023.
Em sua estreia no posto de rainha de bateria, a escola de samba conquistou o título do Grupo Especial do Carnaval carioca. Comandada pelo carnavalesco Leandro Vieira, a agremiação de Ramos ganhou a disputa depois de 22 anos de jejum.