MPRJ pediu pelo desarquivamento do caso da morte do menino de 10 anosReprodução

Rio - Após oito anos, Ministério Público do Rio (MPRJ) pediu o desarquivamento do inquérito policial que investiga a morte de Eduardo de Jesus Ferreira, atingido por um tiro de fuzil na cabeça aos 10 anos de idade no Complexo do Alemão, na Zona Norte. O caso aconteceu em 2015. Após a reviravolta do caso, a mãe de Eduardo, Terezinha de Jesus, revelou ao DIA que voltou a ficar esperançosa pela resolução do caso.
De acordo com a defesa de Terezinha, o advogado João Pedro Accioly, o pedido de desarquivamento veio após o surgimento de novas provas, especialmente vídeos gravados no dia do homicídio, além de indícios de fraudes na investigação policial e falhas do promotor original do caso.
Na representação de Accioly, várias falhas nas investigações foram apontadas, entre elas, o laudo de confronto balístico, que apontou ter sido impossível realizar o confronto entre o projétil e as armas dos policiais investigados, pois as 'balas' não teriam sido encaminhadas à perícia. Em outro ponto, a defesa mostrou que os dois policiais envolvidos no caso só prestaram depoimento meses depois da morte de Eduardo, tendo dito exatamente as mesmas coisas, como uma cópia. 
Além de conseguir o pedido de desarquivamento, o advogado também comemorou inclusão de um segundo policial envolvido no caso, que havia sido excluído na primeira denúncia. "Além do policial Rafael de Freitas, que havia sido alvo da primeira denúncia, a decisão do procurador-geral de justiça permite a investigação e a acusação do policial Marcus Bevitori, que havia sido impropriamente excluído da primeira ação penal. Elementos do próprio inquérito levam a crer que Freitas foi o primeiro a disparar, mas Bevitori foi o responsável pelo disparo letal", explicou.
Terezinha, mãe de Eduardo, disse ao DIA que voltou a ter esperança na Justiça e acredita que mais uma batalha foi vencida. "Eu estou me sentindo com uma grande esperança de que agora essa justiça vai ser feita, depois de oito anos de muita luta. Estou com meu coração bem esperançoso. Com Deus na frente tudo vai fluindo. A guerra ainda não ganhei, mas uma batalha eu já venci, graças a Deus", comemorou.
Tereza já chegou a participar de 'Macacos' no Teatro Firjan Sesi Centro, onde foi tratado o tema racismo estrutural, trazendo uma narrativa da escravidão, dos tempos coloniais, ao Caveirão, dos dias atuais. A história dela foi contada no palco, o que fez com que o advogado Accioly, que assistia a peça, assumisse o caso.