Carlos Natale seguiu a profissão do pai e avisa: Serei o último a apagar a luzAgência O Dia

 Rio - Carlos Natale, 59 anos, cresceu acompanhando seus avós italianos Giovanni Santoro e Caterina Serpa Santoro comandando uma banca de jornal em São Gonçalo. Eles começaram o trabalho nos anos 50 e seu avô ficou nessa função de jornaleiro até 1995, quando faleceu. Depois disso, a avó assumiu o trabalho até os 88 anos de idade.

"Eu não queria porque achava uma vida muito sacrificada. Com 16 anos fui trabalhar numa banca, saí depois para servir o Exército, fiquei quatro anos e não quis assumir a banca de jornal. Mas nos anos 2000 acabei assumindo a distribuidora de jornais e hoje aqui na região de Niterói serei o último a apagar a luz. Hoje trabalho com 200 pontos", diz.

Natale conta que atualmente atende Niterói de ponta a ponta, Maricá e São Gonçalo. "Todas as favelas e comunidades, entro com jornais, boto sete carros na rua todo dia e não me importo nem de quanto vai ser meu lucro, me importo que o jornal chegue aos pontos. Claro, que o lucro é importante para manter o negócio, minha vida e minha família. Os distribuidores pequenos vão parando, eu vou assumindo as bancas e assumindo a minha distribuição. Hoje indiretamente faço uma média de 300 pontos, diretamente 200".


Infância com gibis do Mickey e da Mônica

Inicialmente, Carlos resistiu ao pedido do avô de assumir as bancas da família. Só no início dos anos 2000, após fechar uma fábrica de roupas, que ele mudou de ideia. O que antes era um grande sacrifício, agora se tornou uma paixão, difícil de definir. Além disso, o trabalho traz boas lembranças da infância sendo neto de jornaleiros.

"Nós tivemos uma infância com as revistinhas em quadrinhos, principalmente da Turma do Mickey, Tio Patinhas e a Turma da Mônica. Eu adorava também almanaque Disney. Toda vez que saiam as revistas novas, meu avô trazia para casa. A gente lia muito os gibis, depois no colégio a gente começou a fazer trabalhos que tinham que ter recorte de jornal, até falando sobre economia.", recorda.

"Gostava de ficar na banca às vezes, era o único neto, ele queria que eu tomasse conta da banca de jornal que era a paixão dele. Gostava de arrumar gaveta porque meu avô era muito bagunceiro com dinheiro, gostava de botar tudo organizado, certinho, já gostava com 12 anos e até hoje sou assim", completa.

Distribuição de jornais

Depois que acabou com a sua fábrica de roupas, ele assumiu as bancas do avô e começou a fazer distribuição de jornais em padarias. "Outras bancas vieram e fui aumentando até que depois comecei a comprar algumas bancas em São Gonçalo e hoje tenho uma banca muito boa no Ingá, que vende muito bem jornal ainda. Tenho orgulho dessa banca hoje".

Ele também é dono de uma banca localizada em Icaraí e garante que adora acordar cedo e trabalhar de segunda a segunda com isso.

"Estou desde Às 5h da manhã no jornal, vendo as coisas que tenho para resolver. O jornal é minha vida, todo dia estou aqui. Se eu viajar, entro em pânico porque estou longe, todo dia tem coisa para resolver. Estou sempre aqui, domingo, feriado, tenho satisfação de trabalhar. Tem pessoas que têm satisfação em viajar, ir para outros países. Tenho cidadania, tirei para a minha filha para ela poder ir embora se ela quiser. Mas eu gosto de estar aqui, gosto de trabalhar com jornal porque é minha raiz, minha vida. Fico até emocionado de falar isso, não ficaria sem jornal, só se ele acabasse mesmo".

Meia Hora bomba vendas em São Gonçalo
Os leitores de jornais variam conforme a região. Em São Gonçalo, por exemplo, o jornal Meia Hora é o campeão de vendas. "O que gostam mais é futebol, mas a política também já avançou muito, a gente percebe que as pessoas gostam muito. Niterói é um público que lê mais o jornal O Dia e Maricá também. O que move mais o jornal mesmo é esporte, mas se acontecer algum crime em algum município, pode ser que isso ajude a venda", conta.
Álbum de figurinhas atrai crianças e adolescentes
Entre o público mais jovem, o que faz mais sucesso são álbum de figurinhas e mangás. "Hoje o que a gente percebe muito é o Coquetel, palavra-cruzada, com muita variedade, para todo tipo de idade, os gibis também vendem bem. Quando tem figurinhas, álbum, isso é muito forte. Estou até surpreso que o Campeonato Brasileiro não está vendo muito, mas a Copa do Mundo é recorde de vendas absurdo", conclui.