Três gerações de jornaleiros: Sebastião com o pai Wilson e o filho DiegoArquivo pessoal

Rio - Aos 91 anos, sr. Wilson da Silva é um ex-jornaleiro que trabalhou durante décadas em sua banca, localizada na Central do Brasil. Ela foi inaugurada em 1951 e comprada pelo pai de Wilson em 1956.
Aposentado de suas funções na banca, ele passou o trabalho para os três filhos Samuel, Wilson e Sebastião, que se dividem no local, mas segue sua vida com saúde e boas lembranças do trabalho do passado.
"Comecei em 1946, aos 14 anos, vendendo jornal no bonde que ia da Central até Copacabana. Vendia jornal perto do Copacabana Palace e também na frente do teatro de revista, na praça XV, onde via famosas artistas do teatro de revista, entre elas, Virgínia Lane", destaca.
Ele também afirma que viu de perto Madame Satã, transformista famoso da Lapa nos anos 70, que ficou preso por 27 anos por  crimes variados cometidos - que vão desde agressões a dois homicídios -  e também policiais famosos na década 50 como Perpétuo de Freitas, muito temido pelos bandidos do Rio de Janeiro.
Treino de boxe aos 91
O jornaleiro aposentado tem uma rotina diária saudável e há muitos anos pratica boxe e treina em casa.
"Ele com 91 anos, acorda todo dia cedo, bate no saco de pancada, pula corda, ele é muito forte, já foi lutador", conta o filho Sebastião Silva.
Quarta geração
Sebastião conta que o avô foi o primeiro da família a assumir a banca da Central do Brasil, que já está na quarta geração.
"A banca se chama Marloi jornais e revistas porque o antigo dono tinha duas filhas que se chamavam Maria e Heloísa, ele quis homenagear as duas e fez a junção dos nomes", explica.
"O  meu avô quando assumiu a banca, era muto amigo do Chagas Freitas, que foi dono do jornal O Dia. Ele ajudou muito meu avô na distribuição de jornal. Meu avô era analfabeto, mas muito inteligente. Sem saber escrever, ele conheceu a Europa em 1966 na Copa do Mundo. Quando o Brasil foi desclassificado, ele conheceu a França, Inglaterra", diz.
Sebastião trabalha na banca desde 1982 e hoje transmite os ensinamentos ao filho Diego, que já trabalha há 12 no local e segue os passos do pai, avô e bisavô.
"Temos fregueses lá de 20 anos. E os novos que vão comprar, a gente procura dar o melhor atendimento para que esses fregueses voltem a comprar com a gente. Estamos há aproximadamente 75 anos nesse ponto na Central. E nossa banca é uma banca de sorte, é a segunda mais premiada no Rio de Prêmios", orgulha-se.
"Hoje quem compra jornal geralmente são pessoas idosas. O jornal que mais vende é o Meia Hora", completa
A verdade é que o jornal depende do jornaleiro, esse profissional tão importante para apresentar a notícia ao leitor. Mesmo com as novas tecnologias, que vieram para somar, é preciso que as novas gerações, incentivadas por pais ou avós, deixem um pouco as telas - e as infinitas possibilidades que elas oferecem - para retomarem - ou comecem - o hábito de ler jornais e revistas impressas, que dá uma nova experiência e olhar para a notícia.

Vida longa aos jornaleiros e aos jornais!