José Alexandre Mastrelli é distribuidor de jornais em várias regiões do Rio de JaneiroAgência O Dia

Rio - José Alexandre Mastrelli, 59 anos, como muitos profissionais do ramo, é filho de jornaleiro e seguiu os passos do pai, Pasquale Mastrelli. "Comecei levando o almoço para o meu pai, aos 7 anos de idade, lá na Visconde de Pirajá (Ipanema). Sempre gostei de ajudá-lo. A primeira banca 24 horas do Rio de Janeiro era a do meu pai", conta.

Dono de bancas, ele também é distribuidor de jornais em uma extensa região do Rio de Janeiro: Jacaré, Arará, Engenho Novo, Piedade, Engenho de Dentro, Realengo, Bangu, Senador Camará, Campo Grande, Sepetiba, dentre outros, até a Costa Verde.

"Faço distribuição diária e sexta, sábado e domingo ainda tem a Ilha Grande.", conta ele, que tem um depósito no Rocha, no qual chega às 23 horas e retorna para casa só de manhã.

"Eu adoro o que faço, faço com amor. Você sair de casa de madrugada, mas fazer aquilo com amor, é muito gratificante. Eu ganhei muito dinheiro com jornal, consegui minha casa, meu carro, tenho uma família maravilhosa, uma neta linda que me deu mais força de vontade para viver e conseguir a minha luta. Tenho orgulho de ser jornaleiro", complementa.


Relação longa e duradoura com O Dia

Mastrelli é distribuidor dos jornais O Dia e Meia Hora há décadas e afirma que, apesar da fatia que a internet pegou no setor de notícia, o jornal impresso terá sempre seu espaço e seu público cativo. "Eu costumo dizer que o jornal O Dia é o berço do Rio de Janeiro. Peguei o tempo do Chagas Freitas", conta ele.

"A imprensa escrita não acaba, o país tem que ter imprensa escrita. Tem leitores do Meia Hora que não vão ler outro jornal. Tenho um leitor do Dia, que tem exemplares de 40 anos atrás, ele só lê O Dia. O jornal é uma coisa bonita".

Alexandre é dono de bancas na estação de Santa Cruz, Calçadão de Bangu, Padre Miguel, além de ter bancas alugadas que ele administra. "Em matéria de jornal, Magalhães Bastos vende muito. A banca de Santa Cruz vende 100 jornais Meia Hora por dia, o funcionário fica na banca 24 horas", detalha.

"Estou nessa vida há 50 anos, sei tudo de jornal, conheço a história toda. O Meia Hora vende bem de segunda a sábado, o jornal descarrega na estação de Santa Cruz, 1h30 da manhã e já começa a vender", completa.

Segunda geração

Com longa experiência no ramo, José Alexandre frisa durante a entrevista que "quem sabe de jornal é o jornaleiro"

"Nós somos chamados da segunda geração, os primeiros que vieram vendiam jornais numa banca de caixotes. Meu pai levava os jornais no bonde. Eu peguei o tempo do trem. Tinha que jogar rapidinho lá em Realengo, ia até a Avenida Santa Cruz, subindo com os maços nas costas para levar para banca. Tinha o peixeiro que comprava jornal, o açougueiro", recorda ele, que tem boas lembranças de frequentar a banca do pai na infância.

"Meu pai era outro apaixonado por jornal. Eu lia muitos gibis no Mickey, tio Patinhas, Recruta Zero...", lembra.

Revistas de fotonovelas faziam sucesso nas bancas

No passado, o que fazia muito sucesso nas bancas, além dos jornais, eram as revistas de fotonovelas. "Tinha revista de fotonovela, chamada Grande Hotel, vendia muito. Tinham também aquelas revistas de contos amorosos, chamadas 'Sabrina', 'Júia' e um livrinho pequeno de contos de faroeste que vendia muito", recorda.

Copa e mortes bateram recordes

O jornaleiro recorda alguns momentos marcantes de manchetes que se vendeu muitos jornais nas bancas "A morte do Mamonas Assassinas vendeu jornal demais, a do cantor Leandro também impactou. Além disso, teve a queda do helicóptero do Ulysses Guimarães e a outra foi quando o Brasil foi tricampeão em 1970 da Copa do Mundo, eu era criança, mas eu me lembro como vendeu", conclui.