Mário Scofano, 81 anos, é jornaleiro desde 1956Agência O Dia

Rio - Mário Scofano, 81 anos, é jornaleiro desde 1956 e de terça a domingo abre sua banca, localizada na Usina, Zona Norte do Rio, às 5h da manhã. Aposentado, ele conta que trabalhar em banca de jornal é uma ótima opção para interagir com clientes e se manter ativo.

"Tenho esse elo como uma forma de ocupação para ter uma atividade, para ter uma comunicação com o público", explica ele, que já trabalhou em outras bancas no passado e também durante um bom tempo fez entregas dos jornais diretamente nas casas dos clientes.

"O que mais me encanta nessa profissão é poder conviver com o público diariamente e o contato com o jornal de papel. Gosto muito, sou fanático por jornal impresso. Não consigo entender como uma pessoa consegue ler o jornal na internet. Uma matéria no jornal papel é uma coisa, na internet é outra totalmente diferente. A pessoa acaba não conseguindo se concentrar naquela matéria, a não ser para pegar uma informação básica", opina.

"A leitura é uma coisa excepcional, as pessoas deviam manter o hábito de leitura. A leitura faz o nosso cérebro funcionar", completa.


Leitor de O Dia

Scofano é um leitor assíduo do jornal O Dia e gosta de separar algumas matérias que lhe interessam. "Se tem alguma matéria que me interessa, eu recorto e guardo. Outro dia teve uma matéria do Aristóteles Drummond, que guardei aquela página, deixei muita gente ler porque achei ela muito importante", explica.

"Leio O Dia profundamente, dou uma vasculhada no Meia Hora porque as notícias são mais fáceis de ler. Atualmente o jornal que mantém uma venda diária certa é o Meia Hora", completa ele.

O jornaleiro diz que conhece bem a história do jornal O Dia. "Desde que rodava na Marechal Floriano, na fundação do Chagas Freitas, depois ele foi para rua do Riachuelo e o Ary de Carvalho montou o parque gráfico na Avenida Suburbana", recorda.

Manchetes marcantes

Ao longo dos mais de 60 anos de profissão, Mário destaca algumas manchetes que marcaram sua vida e as de muitos leitores. "A Copa do Mundo de 58, isso me marcou muito. Naquela época não existia televisão, aquilo foi o ápice do jornal. Outra matéria que me marcou foi quando o Brasil foi tricampeão em 70. Sobre a política são vários fatos. Tiveram coisas desastrosas também, aquele incêndio que teve num circo de Niterói na década de 60. Foi uma coisa chocante", relembra.

Apesar de a TV ter chegado ao país na década de 50, ainda não existia a transmissão internacional ao vivo em 1958, quando o Brasil foi campeão da Copa do Mundo pela primeira vez. Os brasileiros só tiveram acessos a alguns trechos da vitória contra a Suécia no dia seguinte.

A tragédia do Gran Circus Norte-Americano, citada pelo jornaleiro, foi um incêndio criminoso que aconteceu Niterói, em 17 de dezembro de 1961. Na época, 503 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas, o que teve uma grande repercussão pelo alto número de vítimas, incluindo centenas de crianças.