Assassinato de médicos no Barra de Tijuca tem repercussão na imprensa internacional

Rio - O assassinato de três médicos ortopedistas na Barra da Tijuca, na madrugada desta quinta-feira (5), teve repercussão Na imprensa internacional. O jornal 'Washington Post' e o site da 'ABC News', dos Estados Unidos, e os jornais 'Clarín' e 'La Nación', da Argentina, abordaram o caso.

No jornal 'Washington Post', foi ressaltado o parentesco do médico Diego Ralf Bomfim, de 35, com a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP), que são irmãos. O laço teria levantado suspeitas a respeito de uma possível execução motivada por questões políticas, já que no ano passado a parlamentar havia sido ameaçada de morte. 

O site salientou ainda que o caso ocorreu em uma área considerada nobre na cidade e que as mortes devem inflamar os debates sobre segurança pública no estado e no país. 

Assim como o jornal americano, o site ABC também destacou a suspeita de que a execução possa ter motivação política. Além das suspeitas, o portal também relembrou o caso do assassinato da ex-vereadora do PSOL, Marielle Franco, que foi executada em 2018. 

Já o argentino 'Clarín' narrou a dinâmica do crime, dando ênfase ao casamento da irmã do médico Diego Bomfim com o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), conhecido por seus discursos contra milícias e grupo paramilitares do Rio de Janeiro. Por outro lado, o La Nación destacou o assassinato 'a sangue frio'.

Três médicos foram mortos a tiros e um quarto ficou ferido em um quiosque na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, na madrugada desta quinta-feira (5). As vítimas atuam em São Paulo e estavam de passagem pela cidade devido a um congresso internacional de ortopedia. Imagens registradas por câmeras de segurança da região mostram que suspeitos desceram de um carro e atiraram diversas vezes contra os profissionais de saúde. No local, houve correria e desespero durante o ataque.

Ainda pelas imagens, é possível ver que os médicos ortopedistas estavam sentados no quiosque em frente ao Hotel Windsor, quando no início da madrugada, por volta das 1h, um carro branco parou, e ao menos 3 homens vestidos de preto e armados desembarcaram e atiraram contra eles. Um dos criminosos chegou a voltar para atirar mais em uma das vítimas que tentava se refugiar atrás do quiosque.

De acordo com a Polícia Militar, ao serem acionados, agentes do 31° BPM (Recreio dos Bandeirantes) encontraram as quatro vítimas baleadas sendo socorridas por militares do Corpo de Bombeiros. Os três médicos identificados como Marcos de Andrade Corsato, 62 anos, Perseu Ribeiro Almeida, 33, e Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, morreram ainda no local do fato. O outro, Daniel Sonnewend Proença, 32, foi socorrido ainda com vida e encaminhado até o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra. O estado de saúde dele é estável na manhã desta quinta-feira (5).

Ainda segundo a corporação, os policiais chegaram a efetuar buscas para encontrar o paradeiro dos suspeitos, mas nada foi constatado. O policiamento foi reforçado na região. A área foi isolada e o local preservado para o trabalho da perícia da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

Na manhã desta quinta-feira (5), algumas mesas do quiosque, que funciona normalmente, ainda possuem marcas de tiros.

De acordo com a Polícia Civil, a perícia foi realizada no local, testemunhas estão sendo ouvidas e imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas. Investigações estão em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime.

Os médicos possuíam referência no ramo de ortopedia. Dentre as vítimas, Perseu Ribeiro Almeida era membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e especialista em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IOT-HCFMUSP).

Marcos de Andrade Corsato, possuía mestrado em Ortopedia e Traumatologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e era membro titular da 'Federación Latinoamericana de Medicina y Cirugia de la Pierna y Pie', membro da 'National Geographic Society', membro titular da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé e médico assistente do HCFMUSP.

Diego de Souza Bonfim além de especialista em Ortopedia e Traumatologia, era especializado em reconstrução óssea também pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Já Daniel Sonnewend Proença, formado pela Faculdade de Medicina de Marília em 2016, é especialista em trauma, reconstrução e alongamento ósseo.

Autoridades suspeitam que o crime possa ter sido uma execução devido a uma das vítimas, Diego Bomfim, ser irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (Psol) e cunhado do deputado federal Glauber Braga (Psol).

Outra hipótese de investigação é que Perseu Almeida tenha sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste.

Imagens registradas por câmeras de segurança da região mostram que suspeitos desceram de um carro e atiraram diversas vezes contra os profissionais de saúde. No local, houve correria e desespero durante o ataque.

As investigações do caso estão a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e serão acompanhadas pela Polícia Federal, a mando do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. A Polícia Civil de São Paulo, estado de onde os médicos são naturais, equipes para auxiliarem as investigações sobre a execução. Por determinação da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, foi deslocada ao Rio uma equipe do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa) e uma equipe do Dipol (Departamento de Inteligência da Polícia Civil).

Parentes e amigos dos médicos mortos estiveram, na tarde desta quinta-feira (5), no Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para liberação de seus corpos.