Pastor Felippe Valadão organizou a caravana religiosaMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - O avião de uma caravana religiosa comandada pelo pastor Felippe Valadão voltou ao Brasil na tarde desta quarta-feira (11), no Aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador. O grupo, com mais de 100 brasileiros, estava em Jerusalém e aguardava resgate depois dos ataques do Hamas em Israel. Na recepção, fiéis se reuniram para cantar com bandeiras do Brasil e balões. Já os passageiros chegaram com bandeiras de Israel e se emocionaram com a festa no terminal.
"É um alívio. Graças a Deus, chegar na nossa casa, ver os amigos, a família... Foram dias intensos, a gente não sabia do que estava acontecendo, mas havia uma convicção no nosso coração que a gente ia conseguir voltar bem. A gente estava seguro. Foram quatro dias de intensa preocupação, a gente nunca passou por isso. Não sabíamos o que nos esperava lá fora. Então, tocava a sirene, a gente tinha que descer para um bunker. A gente não sabia o que estava acontecendo, se tinham invadido o hotel, se era uma bomba... O mais difícil era segurar 103 pessoas emocionalmente. Vamos curtir essa vida maravilhosa que Deus nos deu", disse Valadão.
Milena Diniz, de 30 anos, é uma das fiéis que acompanhava Valadão. No aeroporto, Íris Diniz, mãe da jovem, disse que a filha tentou acalmá-la a todo momento, mas estava angustiada. 
"Ela me disse que eles estavam bem, estavam em um hotel, mantendo a calma. O grupo estava muito bem assessorado, então eles estavam calmos e me mantendo calma também. Ela não me passou que sentia medo, só estava angustiada pelo fato de querer estar de volta, mas tinha incerteza de que o voo pudesse ser cancelado. O governo até mandou avião, mas eles já tinham a viagem marcada, então optaram por deixar o avião para quem não tinha passagem ou condições de vir", explicou Íris.
A mãe de Milena relatou que a filha escutou bombardeios e chegou a gravar fumaça de onde caíam foguetes. Em certo, o grupo precisou ir para um bunker do hotel e a jovem fez uma rápida ligação com Íris em tom de despedida. Logo depois, Milena voltou a acalmar a mãe, contando que havia ficado nervosa por conta da situação.
"Estou desde sábado sem dormir direito. Por mais que a gente tente manter a calma, o coração fica apertado porque é uma guerra. A qualquer momento, muitas coisas podem mudar. Há dois dias, ela mandou uma mensagem no grupo da família pedindo que orassem porque tocou a sirene. Ela fez uma chamada de vídeo rápida e disse: 'mãe, eu te amo'. Eu já comecei a chorar porque pensei que ela tivesse se despedindo. Mas depois ela explicou que a sirene tocou e ela acabou se desesperando um pouco, mas que estava tudo bem e me acalmou. O primeiro abraço vai ser para agradecer a Deus pela vida dela, por todos que estão aqui e que Deus proteja quem ficou", desejou Íris.
A caravana com 103 brasileiro chegou a Israel no último dia 2, mas o passeio precisou ser interrompido. Nas redes sociais, o pastor publicou um vídeo entrando no avião, ainda na noite de terça-feira. Ele conta que cinco voos estavam marcados para sair de Israel em horários semelhantes. Desses, quatro foram cancelados, mas o grupo conseguiu deixar o país e se dirigir a Dubai, nos Emirados Árabes, onde fizeram escala para voltar ao Brasil.
A profissional de RH Ana Costa, de 55 anos, frequenta a Igreja da Lagoinha, em Niterói, e foi ao aeroporto para recepcionar os amigos. Ela conta que o pastor organiza essa caravana há quatro anos e, dessa vez, foram pegos de surpresa pelos ataques.
"Estamos aqui no aguardo da caravana! Estamos felizes porque Deus os trouxe para a gente de volta, então viemos recebê-los. Antes de sabermos que eles tinha conseguido contato, porque o pastor estava com dificuldade falar com as pessoas do Brasil, estávamos muito apreensivos. A caravana foi porque há novos convertidos, teve batismo lá... Eles foram para isso e aconteceu isso tudo do nada. Tem um grupo grande para chegar, vamos fazer uma festa para eles! Eles estarem de volta é motivo de muita alegria para a gente", disse aliviada.
Mais brasileiros chegam ao Rio
Outros dois voos com brasileiros que saíram de Israel chegaram Aeroporto do Galeão, na manhã desta quarta-feira. Por volta das 8h40, um jato da Força Aérea Brasileira aterrissou com 40 passageiros que haviam desembarcado em Brasília durante a madrugada. O grupo, que carregava bandeiras do Brasil, se ajoelhou na pista ao lado da aeronave. Às 9h20, o segundo avião, com cerca de 60 brasileiros, desembarcou no Galeão.
As testemunhas da guerra agradeceram e demonstraram a sensação de alívio durante o desembarque no aeroporto. Em meio ao choro, o grupo relatou a tensão e momentos angustiantes vividos nos últimos dias em Israel, com o zunido de mísseis e toque de sirenes.
Bruna Valeanu, brasileira que estava desaparecida em Israel, teve a morte confirmada nesta terça-feira (10). A estudante estava na festa rave Universo Paralello com amigos quando terroristas do Hamas chegaram e iniciaram o ataque. A morte de Ranani Nidejelski Glazer, que estava na mesma rave já havia sido confirmada. A carioca Karla Stelzer Mendes, de 41 anos, que também estava na festa, continua desaparecida.
O governo federal mobilizou a repatriação dos brasileiros devido ao confronto iniciado no último fim de semana entre Israel e o grupo Hamas, no Oriente Médio. Estão previstos mais quatro voos até domingo (15) na chamada Operação Voltando em Paz, coordenada pelos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. Neste primeiro momento, a estimativa é retirar 900 brasileiros que estão em Israel e na Palestina.
* Colaborou Marcos Porto