Agentes da Força Nacional chegam ao Rio na próxima semanaFábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Rio - O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou, nesta quarta-feira (11), que será iniciada, na próxima segunda-feira (16), a operação em apoio ao Governo do Rio com o envio de 150 agentes da Força Nacional. A chegada das tropas, autorizada no dia 2 de outubro, havia sido adiada devido a questionamentos do Ministério Público Federal (MPF).
Segundo o MJSP, na segunda-feira (16), começará a atuar o primeiro contingente de agentes da Força Nacional (150, de um total de 300) e viaturas (40, de um total de 80). Na terça-feira (17), o secretário-executivo do MJSP, Ricardo Cappelli, se reunirá com o Ministério Público Federal (MPF) para tratar de questões voltadas à atuação das forças federais de segurança na capital fluminense.
A Força Nacional realizará operações nas rodovias, sob a liderança da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Através das redes sociais, Cappelli informou que todos os 300 agentes chegarão na próxima semana.
"Enviaremos 300 homens da Força Nacional ao Rio para atuar nas rodovias sob coordenação da Polícia Rodoviária Federal. Tudo em perfeita harmonia com o governo do estado. O adversário é o crime organizado que ameaça a vida, a economia e o Estado Democrático de Direito", escreveu.
Cappelli explicou que a decisão foi tomada após reuniões com as equipes do MJSP e com a direção da PRF, da Força Nacional e da PF. Segundo o secretário, foi discutido uma proposta com diretrizes para a utilização de câmeras corporais pelos agentes de segurança nacionais. Os encontros foram realizados nesta quarta-feira (11).
"Fizemos hoje duas importantes reuniões. Uma com toda a nossa equipe para finalizar a proposta de diretrizes para utilização de câmeras corporais pelas nossas polícias, uma diretriz nacional que nós vamos apresentar até o final do ano, e uma outra reunião com a direção da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional porque a partir da semana que vem nós vamos ampliar muito a presença das forças federais de segurança no Rio de Janeiro, com a PRF, com a PF e com a Força Nacional. Na semana que vem, toda a nossa equipe estará no Rio reforçando e ampliando o trabalho de enfrentamento ao crime organizado no estado", disse.
O envio das tropas havia sido autorizado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, no dia 2 deste mês. Um dos fatores que motivou a liberação dos agentes foi uma investigação da Polícia Civil do Rio que revelou o treinamento armado, com táticas de guerra, de criminosos no Complexo da Maré, na Zona Norte da capital do estado.
Além dos 300 homens, o Ministério destinou R$ 247 milhões como investimento para a segurança do Rio e 50 viaturas da Força Nacional. Contudo, questionamentos do MPF adiaram a chegada dos policiais. De acordo com o órgão, algumas determinações devem ser cumpridas no decorrer das operações, como uso de câmera nos uniformes das forças policiais, atendimento médico e socorro aos feridos, garantia das atividades da comunidade escolar e prévio aviso sobre a atuação dos agentes em comunidades.
Operação Maré
Desde a segunda-feira (9), forças policiais do Estado do Rio realizam operações em diversas comunidades da Zona Oeste de Norte da capital para combater o crime organizado. Cerca de 1000 agentes da Polícia Militar e Civil operam em regiões conflagradas pelo tráfico como o Complexo da Maré, da Penha, do Chapadão e Cidade de Deus.
Somente nesta quarta-feira (11), 12 pessoas foram presas, sendo seis no Chapadão, três na Maré e três no Parque das Missões, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo balanço mais atualizado pelo Governo do Rio, seis fuzis foram apreendidos nesta quarta - cinco no Complexo do Chapadão e um na Cidade Alta -, além de três pistolas no Complexo da Maré.  Mais de 3 toneladas de barricadas foram retiradas em 17 pontos do Complexo da Maré e três veículos foram recuperados em Duque de Caxias. 
Até o momento, em três dias de operação, já foram contabilizados R$ 20 milhões de prejuízo para as organizações criminosas.
"O trabalho das nossas forças de segurança está focado em desarticular essas máfias e é incansável. Somente hoje, foram detidas 12 pessoas que estavam cometendo diversos atos criminosos na capital e Baixada Fluminense, com efeitos em toda a população. O prejuízo causado a essas organizações já chegou à casa de R$ 20 milhões. São efeitos claros de que o uso da inteligência aliado à tecnologia é o caminho mais eficiente para enfraquecer a atuação desses grupos", afirmou o governador Cláudio Castro (PL).
Ao todo, até o momento, 24 pessoas foram presas e 13 fuzis apreendidos desde segunda-feira (9). Além disso, foi descoberto e fechado um laboratório de refino de drogas, um depósito de medicamentos, entorpecentes e material para preparo. Os policiais já apreenderam 101 veículos – entre carros e motos – e retiraram 42 toneladas de barricadas do Complexo da Maré.
Pedido de transferência para presídios federais
O governador Cláudio Castro (PL) se reuniu com o procurador-geral de Justiça do Rio, Luciano Mattos, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, no Centro do Rio, nesta quarta-feira (11) para discutir os próximos passos em relação a Operação Maré. O encontro marcou o início de um trabalho conjunto com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para formular uma lista de detentos para serem enviados para presídios federais.
As equipes de segurança começaram a trabalhar na escolha de nomes dos suspeitos presos durante as operações com as condutas individualizadas para aumentar as chances da Justiça autorizar as transferências.
Castro disse, ainda, que o principal intuito é 'combater as máfias' que atuam no estado. "A ideia aqui era fazer um balanço das operações policiais e olhar os próximos passos. Ver como a gente pode, integradamente, combater essas máfias. Poder colocar na cadeia quem tiver que colocar e desarticular essas organizações", disse o governador.