Rio - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, autorizou, nesta segunda-feira (2), a atuação da Força Nacional na segurança pública do Rio de Janeiro. O estado enfrenta uma escalada de violência, principalmente após a divulgação de uma investigação da Polícia Civil que revelou o treinamento armado de criminosos no Complexo da Maré, na Zona Norte.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública destinou R$ 247 milhões como investimento para a segurança do Rio, além de liberar 300 homens e 50 viaturas da Força Nacional. Os agentes serão responsáveis por vigiar as entradas do Complexo da Maré e as polícias Militar e Civil farão operações na comunidade.
As investigações da Polícia Civil apontaram que criminosos da Maré, uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro, realizam treinamentos armados com táticas de guerra. Em imagens obtidas por drones, um grupo de 15 a 20 homens armados aparecem em uma quadra de futebol, sendo instruídos a atacar e se defender durante confrontos.
Outras gravações mostraram cerca de 17 soldados do tráfico participando de treinamentos ministrados por instrutores que demonstravam profundo conhecimento em táticas operacionais. De acordo com informações da inteligência da 21ª DP (Bonsucesso), comunidades ligadas à mesma facção também receberam treinamentos similares em táticas operacionais naquele local, expandindo, assim, o conhecimento para diversas regiões do Rio.
O governador do Rio, Cláudio Castro, se reuniu, na manhã da última sexta-feira (29), com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, para discutir as ações das forças estaduais e federais que vão atuar no Complexo da Maré. De acordo com as autoridades, os principais pilares investidos na ação serão tecnologia, investigação e inteligência.
"Vamos asfixiar o crime organizado. Esse é um processo de integração importantíssimo para segurança pública. É um avanço para que a sociedade entenda de uma vez por todas o tamanho do nosso desafio e dos agentes de segurança que enfrentam criminosos armados e treinados, e a complexidade que é fazer segurança pública", disse Castro na reunião.
Capelli reforçou o uso da inteligência para evitar danos aos moradores locais. "Sem nenhuma ação espetacular, vai ser inteligência e o mínimo de efeito colateral para devolver a comunidade as 140 mil pessoas que moram ali. Vamos apoiar em tudo que o governo achar necessário. O plano está sendo preparado, mas não será uma ocupação, serão incursões e uma asfixia para as atividades criminosas".
O secretário ainda esclareceu a atuação da Força Nacional. "Esses agentes vão atuar em ações que tenham relação com o conceito da Força Nacional. Em eventuais incursões, são as forças especializadas do governo do estado que vão atuar, porque não vai ter ocupação e as incursões serão feitas pontualmente a partir de informações de inteligência", explicou na ocasião.
Segundo o delegado Hilton Alonso, responsável pelas investigações, o conhecimento das estratégias e táticas empregadas pelos grupos criminosos na Maré é fundamental para que as autoridades possam combatê-los de maneira eficaz.
Durante as investigações, que duraram dois anos, a utilização de drones revelou a existência de uma extensa área de lazer na Vila do João equipada com piscina olímpica, área de churrasco coberta, campo de futebol e camarote para eventos.
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