Justiça determina que acusados de matar perito da Polícia Civil vão à júri popular
Renato Couto de Mendonça, de 41 anos, foi baleado em uma emboscada feita por militares da Marinha em um ferro velho na Praça da Bandeira, em maio de 2022; ele morreu depois de ser jogado no Rio Guandu
Renato Couto foi assassinado depois de uma discussão no ferro-velho, na Praça da Bandeira, Zona Norte - Rede Social
Renato Couto foi assassinado depois de uma discussão no ferro-velho, na Praça da Bandeira, Zona NorteRede Social
Rio - A Justiça do Rio decidiu, nesta segunda-feira (9), que os quatro acusados de matar o perito da Polícia Civil, Renato Couto de Mendonça, de 41 anos, em maio de 2022, vão ser julgados pelo Tribunal do Júri. O homicídio aconteceu após uma briga em um ferro-velho na Praça da Bandeira, Zona Norte do Rio.
A juíza Tula Corrêa de Mello, da 3ª Vara Criminal, levou em conta quatro qualificadoras do crime para tomar a sua decisão. De acordo com a sentença, o homicídio aconteceu por motivo torpe, já que Renato foi morto por vingança após ameaçar fechar o ferro-velho onde estariam peças roubadas de uma obra sua; asfixia, porque o perito foi jogado no Rio Guandu depois de ser baleado; recurso que impossibilitou a defesa da vítima, pois o policial foi emboscado; e contra autoridade, já que Ricardo era um agente de segurança.
Os militares da Marinha Bruno Santos de Lima, Daris Fidélis Motta e Manoel Vítor da Silva Soares, e o civil Lourival Ferreira de Lima - pai de Bruno - foram denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual.
De acordo com a denúncia, Lourival recolheu os projéteis disparados pelo filho e os outros três militares lavaram a van usada para transportar o corpo de Ricardo, pois o veículo estava com sangue da vítima.
Relembre o caso
O papiloscopista fazia uma obra na Praça da Bandeira e, segundo as investigações da Polícia Civil, foi vítima de uma sequência de furtos, todos registrados em delegacia. O homem acabou achando os materiais dele no ferro-velho de Lourival e chegou a obter dele uma promessa de ressarcimento pela receptação das peças levadas.
Instruído pelo dono do local a retornar em outro horário, Renato foi vítima de uma emboscada armada por Lourival, que chamou o filho, Bruno Santos de Lima, sargento da Marinha, e dois colegas de farda: o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares.
Nessa ocasião, o papiloscopista foi baleado e colocado dentro de uma van. Ele ficou com três marcas de disparos, sofrendo ferimentos no abdômen e membros inferiores, conforme resultado da perícia.
Do local do sequestro, os militares seguiram para o Arco Metropolitano, de onde atiraram a vítima de uma ponte, na altura de Japeri, na Baixada Fluminense, para o Rio Guandu. Apesar dos tiros, o policial morreu por afogamento, já que o documento da análise apontou que foi encontrada água em seus pulmões, ou seja, ele foi jogado ainda com vida na água.
O veículo usado para o transporte pertencia à Marinha e teria sido levado para um quartel após a desova do corpo. Dentro da unidade militar, a van chegou a ser lavada pelos militares para eliminar qualquer resquício do crime.
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