Policial civil Juan Felipe Alves da Silva sendo presoReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Promoção por bravura e reconhecimento, envolvimento na operação do Jacarezinho que deixou 27 mortos, e na troca de tiros que causou a morte do traficante conhecido como Fat Family, fazem parte do histórico de alguns dos policiais civis presos por tráfico de drogas e corrupção. Os agentes e mais uma advogado foram alvos de uma operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (19) sob acusação de terem traficado 16 toneladas de maconha, apreendidas na divisa de São Paulo e Rio.

Todos os agentes eram lotados da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Entre eles, Juan Felipe Alves da Silva. O inspetor promovido "por ato de bravura", chegou à 4ª classe da Polícia Civil. De acordo com o portal de transparência da instituição, em setembro Juan teve uma remuneração de R$ 6,691,20.

No seu histórico, o agente aparece envolvido na operação do Jacarezinho, em 2021, que deixou 27 mortos, e na troca de tiros que causou a morte do traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family. Em depoimento, o policial afirmou que ele e um colega foram alvos de disparos e por isso houve confronto.

Outro agente preso, Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, aparece na lista de destaque da corporação em uma publicação da Associação dos Delegados de Polícia do Rio, quando atuava na 37ªDP (Ilha do Governador), em 2015. Já em 2018, ele foi promovido por antiguidade e por merecimento, na categoria de Inspetor de Polícia à 4ª Classe. A promoção foi publicada, na época, no Diário Oficial do Estado. Em setembro, o salário de Alexandre chegou a R$7828,71.

Eduardo Macedo de Carvalho, também preso na ação, é outro agente que já foi promovido por "por ato de bravura". O inspetor chegou à classe de Comissário. Sua remuneração não consta no site da Polícia Civil.

Renan Macedo Villares Guimarães, além de policial é advogado, mas sua inscrição na OAB consta como cancelada. Sua remuneração também não aparece mais no site da Polícia Civil.

O advogado criminalista Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão, que negociou a droga com os policiais, é pós-graduado em Segurança Pública e Ciências Criminais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e tem pós-graduação em Penal e Processo Penal.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos policiais, o espaço está aberto para manifestações.
Entenda o caso
De acordo com a PF, a investigação, realizada em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), identificou que duas viaturas ostensivas da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas da PCERJ (DRFC) abordaram um caminhão carregado com a droga.

O veículo apreendido foi levado até a Cidade da Polícia Civil, no Jacaré, Zona Norte do Rio, e os policiais negociaram, mediante ao pagamento de propina por intermédio de um advogado, a liberação da carga e a soltura do motorista.

Após o combinado, três viaturas da DRFC escoltaram o caminhão até os acessos da comunidade de Manguinhos, também na Zona Norte, onde a carga foi descarregada por criminosos. A região é controlada pelo Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do estado.