Juan Felipe Alves da Silva, Renan Macedo Villares Guimarães e Eduardo Macedo de Carvalho foram presos pela Polícia FederalReprodução

Rio - Três policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) envolvidos em um desvio de 16 toneladas de maconha foram removidos em conjunto da especializado no início da investigação da Polícia Federal que apura crimes cometidos pelo grupo. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ), a realocação dos agentes é indício de uma possível manobra para blindar os investigados e embaraçar as apurações em andamento.
- Eduardo Macedo de Carvalho, comissário de polícia, foi para a 30ª DP (Marechal Hermes)
- Juan Felipe Alves da Silva, inspetor de polícia, também passou a atuar na 30ª DP (Marechal Hermes)
- Renan Macedo Villares Guimarães, oficial de cartório policial, foi para a Delegacia de Atendimento Policial do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, no Galeão
Em nota, a Polícia Civil afirmou que "não faz manobras para blindar investigados ou embaraçar investigações".
Os três agentes, além do policial Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, foram presos nesta quinta-feira (19), durante a 'Operação Drake', deflagrada pela Polícia Federal. De acordo com as investigações, um caminhão com 16 toneladas de maconha foi interceptado por policiais da DRFC na Rodovia Presidente Dutra e encaminhado à Cidade de Polícia.
Na especializada, agentes teriam negociado, mediante ao pagamento de propina, a liberação da carga e a soltura do motorista. O advogado Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão, que teria participado das negociações, também foi preso nesta quinta-feira.
Após o combinado, duas viaturas da DRFC escoltaram o caminhão até os acessos da comunidade de Manguinhos, na Zona Norte, onde a carga foi descarregada por criminosos. A região é controlada pelo Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do estado.
A Polícia Federal também apura o envolvimento dos agentes em uma venda de 29 fuzis para uma organização criminosa. Na ocasião, o grupo teria exigido R$ 500 mil para liberar um integrante do Comando Vermelho (CV) que havia sido preso no Complexo da Maré, quando agentes resgataram um PM feito de refém por traficantes da região. Os criminosos, no entanto, pagaram R$ 100 mil, alegando que o restante seria repassado em outro momento.
Os policiais da DRFC, então, realizaram uma operação no Complexo da Penha e apreenderam 31 fuzis. Além disso, ainda teria se apossado de R$ 1,4 milhão dos criminosos. A equipe apresentou apenas dois e venderam 29 para integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP), que atuam em comunidades do Complexo da Maré e em Acari, na Zona Norte.
Segundo informações apuradas pelo DIA, o homem que teve sua liberdade negociada foi o irmão do traficante Rodrigo da Silva Caetano, conhecido como Motoboy, um dos chefes do tráfico nas comunidades Nova Holanda e Parque União.
Após a deflagração da 'Operação Drake', a Polícia Civil informou que "a Corregedoria-Geral de Polícia Civil (CGPOL) apoiou a ação para cumprimento das ordens judiciais e está instaurando Processos Administrativos Disciplinares (PADs). A Polícia Civil reforça que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e atividade ilícita, reiterando seu compromisso de combate ao crime em defesa da sociedade".
O nome da ação, Drake, remete ao corsário inglês Francis Drake que saqueava caravelas repletas de material roubado e se julgava isento de culpa em razão da origem ilícita dos objetos.