Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens a Carlos Alex Iris, de 49 anos, no Cemitério São Francisco Xavier, no CajuMarcos Porto / Agência O Dia
Leonardo Telles, filho de Carlos Alex, afirmou, em entrevista ao DIA, que os documentos do pai sumiram durante a operação da PM.
"Roubaram o meu pai. Levaram a carteira dele com todos os seus documentos. Das três pessoas feridas encaminhadas ao hospital, somente o meu pai havia sido identificado. Fui informado que os policiais disseram o nome completo do meu pai aos médicos. Como sabiam quem ele era se ninguém o conhecia? Meu pai nunca andava sem a carteira, com cartões e dinheiro. Cadê esses documentos?", questionou o filho do mototaxista.
O jovem disse ainda que Carlos estava deixando um passageiro em seu destino, e não tinha envolvimento com o crime.
"Meu pai tinha acabado de deixar um passageiro no morro. Os policiais chegaram atirando sem nem saber quem ele era. Para a polícia, homem negro em cima de uma moto na favela é bandido. Meu pai não era, ele trabalhava em uma clínica da família, era prestador de serviço da prefeitura e nas horas vagas trabalhava de mototaxista", disse Leonardo.
"Ele era um homem honesto e trabalhador, sempre deu o melhor pra criar todos os meus irmãos com muita dignidade. Tinha carteira assinada e nenhuma ficha criminal. Era brincalhão, e, sempre que podia, nos agradava. Esse momento é muito difícil, principalmente pela forma em que ele se foi", finalizou.
Em nota, a PM alegou que três homens trocaram tiros com agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) durante uma ação de patrulhamento no Morro da Caixa D'Água. Carlos e outros dois homens foram encaminhados ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas não resistiram. Os policiais apreenderam uma réplica de fuzil, carregadores de pistola, munições, rádios e drogas.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) informou que investiga a morte dos três homens durante a ação da PM com objetivo de esclarecer o caso. O comando do Bope instaurou um procedimento interno para apuar as circunstâncias.
Carlos trabalhava como auxiliar de serviços gerais no Super Centro Carioca de Saúde, também conhecido como Hospital do Olho, localizado em Benfica, na Zona Norte. Ele tinha seis filhos, sendo que um deles, de 17 anos, tem problemas de saúde. Ele atuava também como mototaxista para aumentar a renda da família.
O Instituto de Desenvolvimento Institucional e Ação Social (Ideias), responsável pela administração do hospital, lamentou a morte do funcionário. "Respeitado por todos, foi um excelente profissional. O Instituto Ideias se solidariza com familiares e amigos", informou por meio de nota.
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