Polícia Federal prende miliciano que motivou execução de médicos
Taillon de Alcântara Barbosa foi detido ao sair de um prédio comercial na Barra, escoltado por três policiais, também presos. Dalmir Barbosa, pai do criminoso e chefe da milícia em Rio das Pedras, também está preso
Principal linha de investigação aponta que semelhança física entre médico e o miliciano Taillon (à esquerda) teria motivado as execuções - Reprodução
Principal linha de investigação aponta que semelhança física entre médico e o miliciano Taillon (à esquerda) teria motivado as execuçõesReprodução
Rio - A Polícia Federal, em ação conjunta com o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), prendeu, na tarde desta terça-feira (31), o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, apontado como o alvo de criminosos no ataque que terminou na morte de três médicos na Barra da Tijuca, Zona Oeste. O pai de Taillon, o miliciano Dalmir Barbosa, também foi preso em uma residência no mesmo bairro. Ele estava em liberdade condicional desde o dia 2 de agosto.
Pai e filho são apontados como os principais chefes da milícia em Rio das Pedras, Zona Oeste. Taillon foi localizado pelos em um prédio comercial na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, acompanhado de dois policiais militares da ativa e um policial do Exército. Os agentes também foram detidos e todos os presos na operação foram levados para a sede da PF na região central do Rio.
De acordo com a Polícia Federal, dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residência de Taillon e de Dalmir.
A Polícia Civil do Rio investiga se o médico Perseu Almeida, de 33 anos, foi confundido com Taillon no dia da execução, no início deste mês, em um quiosque na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca. Na época do crime, o miliciano cumpria pena em regime semiaberto, desde março deste ano. Ele tem como residência fixa um apartamento na Avenida Lúcio Costa, a menos de 1 km do quiosque onde médicos foram executados a tiros.
Veja o momento da prisão de Taillon e dos outros três homens:
Miliciano Taillon de Alcântara e outros três policiais militares foram presos na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, nesta terça-feira (31).#ODia
A Polícia Militar informou que, até o momento, não foram comunicados oficialmente pela Polícia Federal sobre o fato relatado.
Quem é Taillon?
Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa, preso desde junho deste ano e apontado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste. O filho traçou o mesmo caminho e também é acusado de ser líder de uma quadrilha que atua na região de Rio das Pedras, Muzema e adjacências.
De acordo com o processo que consta contra ele no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), a organização criminosa de Taillon seria responsável pela exploração do transporte alternativo de vans e mototáxi, dos serviços básicos como água, gás e TV a cabo, cobrança extorsiva de "taxas de segurança" a comerciantes e moradores, invasão e grilagem de terras, construção imobiliária clandestina, além de agressões, ameaças e homicídios na região.
Taillon foi preso em dezembro de 2020 durante a Operação Sturm, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), em conjunto com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizada (Draco).
Execução de médicos
Diego Bonfim, 35 anos, Marcos de Andrade Corsato, 62, Perseu Ribeiro Almeida, 33, e Daniel Sonnewend Proença, 32, estavam em um quiosque na Avenida Lúcio Costa, em frente ao Hotel Windsor, onde estavam hospedados para participar de um congresso internacional de ortopedia. O grupo foi atacado a tiros por volta das 1h da manhã, do dia 5 de outubro. Um dos criminosos chegou a voltar para atirar mais em uma das vítimas que tentava se refugiar atrás do quiosque. Mais de 30 tiros foram disparados contra os médicos.
As investigações do caso estão a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e são acompanhadas pela Polícia Federal, a mando do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
Suspeitos de cometer o crime foram mortos
Horas depois do crime, a Polícia Civil encontrou quatro corpos de traficantes suspeitos de participarem da morte dos médicos. Os corpos estavam dentro de dois carros nos arredores da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, na mesma região.
Os cadáveres foram identificados como sendo de Philip Motta Pereira, o Lesk, Ryan Nunes de Almeida, o Ryan, Thiago Lopes Claro da Silva e Pablo Roberto da Silva dos Reis. Além dos quatro mortos, a Civil suspeita do envolvimento de outros dois traficantes na execução dos médicos. São eles: Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, e Bruno Pinto Matias, vulgo Preto Fosco, ambos considerados foragidos.
Investigações apontam que os suspeitos podem ter sido mortos pelo ''tribunal" do tráfico do Complexo da Penha, na Zona Norte. Isso porque a facção Comando Vermelho (CV), da qual faziam parte, estaria contrariada com a repercussão do caso, já que inocentes morreram. Informações preliminares afirmam ainda que antes da execução dos traficantes houve uma reunião na Vila Cruzeiro, na Penha, com alta cúpula da organização criminosa e os suspeitos de participarem do crime.
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