Davi Figueira, avô de Ravi, mostra foto de mãe e bebê juntos após recém-nascido ser encontradoRenan Areias / Agência O Dia

Rio - Foi encontrado, na manhã desta quarta-feira (1°), na Tijuca, Zona Norte do Rio, o recém-nascido que foi sequestrado durante esta madrugada na Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no Centro. A sequestradora, identificada como Cauane Malaquias Costa, de 19 anos, foi presa.
O bebê, chamado Ravi, foi achado por policiais militares da UPP do Borel com uma mulher, suspeita de ter o sequestrado dentro da maternidade enquanto sua mãe, Nívea Maria, de 27 anos, e a avó, dormiam na enfermaria da unidade, localizada no terceiro andar.
Segundo a corporação, os agentes foram informados do paradeiro da mulher e do bebê durante patrulhamento na comunidade do Borel. Após buscas, os dois foram encontrados. A mulher foi presa e Ravi levado para a maternidade.
De acordo com o avô da criança, Davi Figueira, foi a avó quem notou a ausência de Ravi no quarto após acordar do cochilo.
"A Nívea tinha acabado de amamentar o Ravi e colocou ele no cestinho. Esse cestinho fica entre o leito e a cama do acompanhante. Então a minha esposa e a minha filha estavam do lado. A minha esposa entrou em cochilo profundo, passaram-se vinte minutos e quando ela acordou, o Ravi já não estava mais no cestinho. Minha esposa falou que estava todo mundo dormindo. Ninguém viu nada", disse o avô da criança.
O secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, se manifestou sobre o ocorrido. "Uma situação terrível, só conseguimos localizar ela seguindo as câmeras de segurança. Precisamos reforçar o controle de acesso na maternidade, mas a polícia também agiu rapidamente e conseguiu recuperar o bebê que está sem nenhum problema clínico”, disse.
Ainda de acordo com Soranz, Ravi foi encontrado em condições normais de saúde e deve receber alta amanhã, junto com sua mãe, conforme o previsto.
A suspeita teria entrado no hospital por meio da varanda do quarto ao lado, que estava vazio, e depois fingiu ser acompanhante de uma gestante. Ela carregava três bolsas e teria levado Ravi dentro de uma delas.
“Ela [a suspeita] ficou no quarto ao lado esperando o momento. Ao ser abordada por uma enfermeira, disse que estava acompanhando uma outra pessoa que teria bebê. De fato, ela tinha roupa de criança e parecia acompanhante. Se passou por acompanhante, roubou a criança e saiu com o bebê dentro de uma sacola”, explicou Soranz.
A avó da criança, Patrícia Figueira, que acompanhava a mãe de Ravi, contou sobre a experiência que viveu.
"Ela já está presa na delegacia e se Deus quiser vai ficar lá por um bom tempo. O importante é que o meu neto está aqui de volta. Vão fazer exames [no bebê], mas ele já está mamando e está de volta. Isso que aconteceu é algo que é um trauma para uma vida inteira para toda a nossa família, principalmente para minha nora, para o meu filho. E a gente espera que o nosso país, os governantes, as forças, tomem providências para trazer mais segurança, porque a maternidade é um lugar onde você acredita que está seguro. E você se deparar com uma situação dessa é algo desesperador. É inimaginável. Isso é inaceitável", desabafou a avó da criança.
O delegado responsável pelas investigações, Mário Jorge, não confirmou a informação de que a mulher teria entrado pela varanda da maternidade. Ainda de acordo com o ele, Cauane teria tido uma filha na mesma maternidade no ano de 2018. Na ocasião do sequestro, a jovem conseguiu entrar no hospital pela primeira vez para visitar uma colega.
"Ela [a Cauane] soube que uma amiga havia vindo para o hospital ter um bebê na data de ontem por uma foto e decidiu ir até o hospital e chegou lá entre 10h30 e 11h para visitar a colega. Segundo seu depoimento, ela realmente visitou essa colega, mas ficou pelambulando pelo corredor do hospital. Por volta de três horas da tarde, ela passou pela enfermaria e viu o Ravi e se interessou por essa por essa criança", explicou o delegado.

Depois disso, Cauane voltou para casa e esperou anoitecer. "Por volta das 19h, retornou ao hospital com três bolsas de bebê, inclusive com uma bolsa cegonha, e por volta de 1h30, quando a mãe [do bebê] estava dormindo, ela aproveitou o cochilo, pegou a criança e levou para a residência dela", contou o delegado.

Mário Jorge ainda confirmou a versão da família de que Cauane teria inventado a gravidez por conta do namorado. A jovem ainda teria tirado fotos de diversas partes do hospital, para afirmar a família que estava internada para ter o bebê que supostamente esperava.
A polícia chegou até a localização da mulher por meio de imagens de câmeras de segurança e denúncias. Agora, a Civil vai ouvir todos os envolvidos e investigar como Cauane entrou na maternidade.
Segundo a Polícia Civil, os agentes estão analisando imagens de câmeras de segurança e ouvindo testemunhas. O caso é investigado pela 4ª DP (Presidente Vargas).