Hugo Mizael, de 21 anos, está desaparecido desde 12 de outubroReprodução / Redes sociais
"Eu não tenho esperança de encontrar meu filho com vida, a gente só quer mesmo os restos. Um mês de pesadelo, todo dia eu acordo pensando se não pode ser um pesadelo, se meu filho vai chegar, e eu sei que não vai, que tiraram a vida do meu filho, eu como mãe tô sem chão, não to vivendo", desabafou.
Ainda segundo Alessandra, a família vem recebendo várias pistas sobre o que pode ter acontecido com Hugo, principalmente de moradores da comunidade que preferem não se identificar por medo de represálias.
"As pistas que recebemos são de moradores que não querem se identificar por medo, eles viram traficantes descendo com o Hugo e depois disso não sabem mais. Não temos provas, mas são muitos moradores dizendo a mesma coisa. No caso, traficantes teriam descido com ele na moto, como garupa, e atrás teria descido um carro com muitos homens armados com fuzis e facões. Depois disso meu filho não foi mais visto", contou.
A família também recebeu informações de onde o corpo de Hugo poderia estar e repassaram para a Polícia Civil. "Recebemos várias informações de pessoas que não querem se identificar, dando pistas de onde ele supostamente estaria enterrado ou sido colocado, mas a gente não tem como ver e passamos isso pra polícia, mas eles dizem que só podem fazer buscas se a gente tiver prova, mas como? Eles tem que fazer o trabalho deles, mas eles só fazem o que eles querem, não adianta entrar lá olhando, tem que fazer uma busca mais precisa, olhar no rio, como falaram que ele também pode ter sido foi jogado lá", relatou.
Alessandra conta que os dias sem o filho são como um pesadelo e sem respostas tudo fica ainda mais difícil.
"Um mês que fez ontem, um mês sem meu filho, um mês com um buraco no peito, um mês que praticamente não vivo, porque toda hora chega mensagem de alguém passando algo e a gente fica naquela expectativa da esperança, então é muito difícil", disse.
Hugo também trabalhava de carteira assinada na Águas do Rio e rodava como mototáxi para conseguir uma renda extra. Ele deixou uma filha de 1 ano e 5 meses.
"Ele trabalhava de carteira assinada, ele tem direitos, mas a gente não consegue resolver porque se não tem corpo, não tem óbito, então nem isso a gente pode dar pra minha neta", lamentou.
Ainda no domingo (12) a família fez um culto ao ar livre e soltou balões em homenagem a Hugo. "Fizemos um culto ao ar livre na praça onde ele morava e soltamos alguns balões. Faz um mês que fizemos muitas coisas e parece que a gente está estacionado no mesmo lugar, porque não temos respostas. O Hugo vai ser mais um, porque infelizmente a polícia não dá uma resposta e não consegue fazer o trabalho que tem que ser feito", disse.
Família homenageia mototaxista Hugo Mizael, 21 anos, desparecido há um mês em Nova Iguaçu, na Baixada.#ODia #Homenagem #NovaIguaçu
— Jornal O Dia (@jornalodia) November 13, 2023
Vídeo: Arquivo Pessoal pic.twitter.com/qvLi8UeHbB
Relembre o caso
Segundo a família, Hugo saiu de casa por volta das 5h do dia 12 de outubro para trabalhar como motorista de aplicativo, mas precisou ir a uma borracharia na Estrada de Madureira, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Pouco horas depois, os familiares perderam contato.
Hugo teria sido cercado por criminosos ao retornar com um novo pneu para trocar na borracharia, isso por volta das 9h30.
Às 10h10, a família conta que tentou um novo contato com o mototaxista, mas estranhou a forma com que ele estava se comunicando. O jovem tinha o costume de se comunicar a todo momento e mandar apenas áudios. Quando a mulher da vítima tentou contato com ele, nesse mesmo horário, recebeu somente 'oi' como resposta.
Logo depois, o celular dele foi desligado, mas a sua última localização apontava para o interior do Conjunto da Marinha.
O caso está sendo investigado pelo Setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Procurada, a Polícia Civil ainda não prestou mais esclarecimentos sobre o caso.
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