Escola Municipal Londres, no Engenho de DentroCléber Mendes/Agência O Dia
Na porta da escola, Iolanda da Costa, 45 anos, mãe de João Miguel da Costa Santos, de 8 anos, pediu para o filho relatar como tem sido as aulas sem ar condicionado.
"A gente não consegue terminar os trabalhos porque o ar condicionado não está funcionando. A minha professora chegou a pedir para gente chamar alguém da nossa família que saiba consertar ar. A gente fica com muito calor e tem que ligar três ventiladores. O nosso ar só dura até nove horas e aí depois a gente desliga porque ele para de pegar e fica piscando. A gente fica até com medo dele explodir", disse o pequeno.
De acordo com Kaytte Carlos Pereira, 34 anos, que estava com a filha de 9 anos e a sobrinha de 8, a escola alega que o ar não funciona por um problema no disjuntor e por isso as crianças são obrigadas a realizar um esquema de rodízio nas salas onde o aparelho funciona.
"Já tem quatro anos que esse ar apresenta problema, quando chega essa época do ano eles tem que fazer rodízio para aproveitar os ar condicionados que funcionam. Minha filha é bem branquinha e tem bastante alergia, ela chega em casa com a bochechinha bem vermelha. Todo verão é isso. Ela estuda em uma sala com quase 40 alunos com um ventilador direcionado para baixo e dois para o teto", afirma.
Kaytte disse que já precisou buscar a filha mais cedo anteriormente na escola por causa do calor. "Ela chega reclamando, falando que a professora aconselhou entrar em contato com a prefeitura porque eles não podem fazer nada. Eles alegam que é um fusível do disjuntos que não suporta. É uma coisa simples, mas eles não podem fazer nada sem o aval da prefeitura. Eu já tive que buscar minha filha mais cedo por causa do calor. Hoje na sala da minha sobrinha, duas crianças saíram mais cedo por causa disso", explicou.
O casal Adilson Almeida, de 57 anos, e Elivania Fiaux, de 41, foi à escola para levar o filho portador de necessidades especiais, Luiz Miguel, de 11 anos, para estudar na sala de recursos, que também está com problemas no ar-condicionado.
"Meu filho não está aguentando. Estou aqui aguardando para ele ir para a sala de recurso, mas ele não quer ficar. Inclusive, ontem (segunda) ele chegou a evacuar nas calças, tive que ir embora com ele. O ventilador não adianta. Eu acredito que ele ficou desidratado de tanto calor. Ele faz muita reclamação, ele não quer vir para a escola, ele pede para ir embora, ele não está aguentando esse calor", lamentou.
O pai do menino disse que chegou a entrar em contato com a Prefeitura do Rio para reclamar sobre o caso, mas não teve sucesso.
De acordo com a Secretaria de Estado de Educação, todas as medidas estão sendo tomadas para que a questão seja solucionada incluindo, se for o caso, um projeto de aumento de carga na unidade, que deverá ser encaminhado à distribuidora de energia, evitando risco de sobrecarga.
"Todos os esforços estão sendo realizados para que, o mais breve possível, a situação esteja normalizada na unidade escolar", informou por meio de nota.
O Sindicato estadual de profissionais de educação (Sepe) informou ainda que em menos de 24 horas mais de 540 denúncias foram recebidas, incluindo escolas sem nenhuma climatização.
Procurada, a Secretaria Municipal de Educação informou que há necessidade de reestruturação de grande porte na rede elétrica da Escola Municipal Londres para o funcionamento de todos os aparelhos de ar-condicionado simultaneamente. Essa intervenção já estava no planejamento da Secretaria.
Já sobre sobrecarga na rede, a concessionária esclareceu que a falha acontece especialmente em locais com alto índice de furto de energia, popularmente conhecidos como 'gatos'.
Em locais com furto de energia, os transformadores da Light, configurados e instalados para atender os clientes da companhia naquela área, ficam sobrecarregados com a demanda irregular de energia provocada pelas ligações clandestinas. O furto de energia causa prejuízos que impactam toda a população.
Falta de luz e água atinge bairros da Zona Norte
De acordo com a Ligth, na Zona Norte foi registrada falta de energia elétrica em alguns pontos da Ilha do Governador, Olaria e Cordovil devido a um problema de alta tensão. Neste primeiro momento, as equipes estavam empenhadas para restabelecer a energia para os clientes o mais breve possível. Essa ocorrência foi solucionada ainda nesta segunda (13). As causas do problema de alta tensão ainda estão sendo apuradas.
Já na Rocinha, houve sobrecarga em um equipamento da Light devido ao alto índice de furtos de energia elétrica na região, popularmente conhecidos como gatos. Nesta segunda (13) mesmo a Light restabeleceu energia na região para a maioria dos clientes e nesta terça (14) permanece no local para verificar casos pontuais. "Ressaltamos que furtar energia, além de crime, é um prejuízo para toda a população", finalizou em nota.
A forte onda de calor fez ainda com que a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) optasse por adiar a manutenção preventiva programada para o Sistema Guandu que aconteceria na próxima quinta (16) e sexta-feira (17).
Apesar disso alguns bairros sofrem com falta de água. De acordo com a Água dos Rio, houve um reparo emergencial em Nilópolis, Baixada. O abastecimento foi comprometido por conta de um reparo na Estação Elevatória de Água Tratada (EEAT) Canadense em Nilópolis. O retorno acontece de forma gradual durante a tarde desta terça (14).
Moradores de bairros como Olaria, São Cristóvão e Engenho da Rainha, também reclamam de falta de água. Em São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Ilha de Paquetá, a Cedae informou que a produção de água no Sistema Imunana-Laranjal foi reduzida novamente. O serviço está sendo restabelecido e o retorno será gradual.
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